DESAFIO: "A BÍBLIA EM UM ANO"

Centésimo quinquagésimo dia: A oração de Jó e suas repostas

A resposta para os questionamentos está relacionada à forma como Jó respondeu aos seus amigos, que o julgavam e eram excessivamente duros com ele. Jó questionou a integridade deles, pois a única coisa que eles faziam era julgar sem examinar os fatos, o que é um sinal de parcialidade. Jó defendeu-se usando a razão e a sabedoria, mostrando que ele estava consciente de suas fraquezas, mas que ainda assim tinha direito a um julgamento justo. A oração de Jó é de confiança em Deus, pois ele sabe que Deus vai ouvir suas palavras e considerar suas explicações. Ele não tem medo de ser julgado por Deus, pois ele sabe que tem razão. Jó está pronto para defender a sua causa e pede a Deus que lhe mostre os seus erros e ofensas, pois ele quer ficar livre deles. Ele está disposto a enfrentar o seu julgamento e a escutar o que Deus tem a dizer. Faça a leitura de preferencia em sua Bíblia dos capítulos 13, 14, 15 e 16 do livro de Jó (Jó).

Livro de Jó

 

13.   1.Meus olhos viram todas essas coisas, meus ouvidos as ouviram e as guardaram. 2.Aquilo que sabeis, eu também o sei, pois não vos sou inferior em nada. 3.Mas é com o Todo-poderoso que eu desejaria falar, com Deus é que eu desejaria discutir. 4.Pois vós não sois mais que impostores, não sois senão curandeiros que não prestam para nada. 5.Se pudésseis guardar silêncio, seríeis considerados sábios. 6.Escutai, pois, a minha defesa, atendei aos quesitos que vou anunciar. 7.Para defender a Deus, ireis dizer mentiras. Será preciso enganardes em seu favor? 8.Tereis, para com ele, juízos preconcebidos e vos ostenteis em ser seus advogados? 9.Não seria bom que ele vos examinasse? Iríeis enganá-lo como se engana uma pessoa qualquer? 10.Ele não deixará de vos castigar, se tomardes seu partido ocultamente. 11.Sua majestade não vos atemorizará? Seus terrores não vos esmagarão? 12.Vossos argumentos são como provérbios de cinza, vossas defesas são obras de barro. 13.Calai-vos! Deixai-me! Quero falar: aconteça depois o que acontecer! 14.Lacero a minha carne com os meus dentes, ponho minha vida em minha mão.* 15.Se ele me mata, nada mais tenho a esperar; assim mesmo, defenderei minha causa diante dele. 16.Isso já será a minha salvação, que o ímpio não seja admitido em sua presença. 17.Escutai bem meu discurso, dai ouvido às minhas explicações! 18.Estou pronto para defender minha causa e sei que sou eu quem tem razão. 19.Se alguém quiser demandar contra mim, no mesmo instante desejarei calar e morrer! 20.Poupai-me apenas duas coisas, ó Deus, e não me esconderei de tua face:* 21.afasta de mim a tua mão, e põe um termo ao medo de teus terrores. 22.Chama por mim e eu te responderei; ou, então, falarei eu, e tu terás a réplica. 23.Quantas faltas e pecados cometi eu? Dá-me a conhecer minhas faltas e minhas ofensas! 24.Por que escondes de mim a tua face e por que me consideras como um inimigo? 25.Queres, então, assustar uma folha carregada pelo vento, ou perseguir uma palha seca? 26.Pois queres ditar contra mim sentenças amargas, e queres que me sejam imputadas as faltas de minha mocidade. 27.Queres prender os meus pés no cepo, espiar todos os meus passos e contar os rastos de meus pés. 28.(E ele se gasta como um pau bichado, como um tecido devorado pela traça).”

14.   1.O homem nascido de mulher vive pouco tempo e é cheio de misérias. 2.É como a flor que germina e logo fenece, uma sombra que foge sem parar. 3.E é sobre ele que abres os olhos, e o chamas a juízo contigo! 4.Quem fará sair o puro do impuro? Ninguém! 5.Se seus dias estão contados, se em teu poder está o número dos seus meses, e fixado um limite que ele não ultrapassará, 6.afasta dele os teus olhos e deixa-o, até que acabe o seu dia como o operário. 7.Para a árvore há esperança: cortada, pode reverdecer e os seus ramos brotam. 8.Quando sua raiz tiver envelhecido na terra e seu tronco estiver morto no solo, 9.ao contato com a água, reverdece e distenderá ramos como uma planta nova. 10.Mas quando o homem morre, fica inerte; o mortal expira, e o que é feito dele? 11.As águas podem faltar nos lagos, o rio pode secar e sumir, 12.assim o homem se deita para não mais levantar. Durante toda a duração do céu, ele não despertará, jamais sairá de seu sono. 13.Quem me dera que me escondesses na região dos mortos, ao abrigo, até que tua cólera tivesse passado, e me fixasses um limite em que te lembrasses de mim! 14.O homem, uma vez morto, porventura tornará a viver? Todo o tempo de meu combate eu esperaria, até que me vies sem substituir. 15.Tu me chamarias e eu te responderia; estenderias a tua destra para a obra de tuas mãos. 16.Mas agora contas os meus passos e observas todos os meus pecados. 17.Tu selaste como numa bolsa os meus crimes, puseste um sinal sobre minhas iniquidades.* 18.Mas a montanha desmorona e cai, e o rochedo muda de lugar; 19.as águas escavam as pedras, o aluvião leva a terra móvel: assim aniquilas a esperança do homem. 20.Tu o pões por terra, e ele se vai embora para sempre; tu o desfiguras e o expulsas. 21.Estejam os seus filhos honrados, e ele não o sabe; sejam eles humilhados, mas ele não faz caso. 22.É somente por ele que sua carne sofre, e sua alma só se lamenta por ele”.

Segunda seção de discursos

15.   1.Elifaz de Temã tomou a palavra nestes termos: 2.“Porventura, responde um sábio como se falasse ao vento e enche de ar o seu ventre? 3.Defende-se ele com argumentos fúteis e com palavras que não servem para nada? 4.Acabarás destruindo a piedade, reduzes a nada o respeito devido a Deus. 5.É a tua iniquidade que inspira teus discursos e adotas a linguagem dos impostores. 6.É a tua boca que te condena, e não eu; são teus lábios que dão testemunho contra ti mesmo. 7.Acaso, és o primeiro homem que nasceu, e foste tu gerado antes das colinas? 8.Assististe, porventura, ao conselho de Deus e monopolizaste a sabedoria? 9.Que sabes tu, que nós ignoremos? Que aprendeste, que não nos seja familiar? 10.Há entre nós também anciãos e encanecidos, muito mais avançados em dias do que teu pai. 11.Fazes pouco caso das consolações divinas e das doces palavras que te são dirigidas? 12.Por que te deixas levar pelo impulso de teu coração, e o que significam esses maus-olhares? 13.É contra Deus que ousas encolerizar-te e que tua boca profere tais discursos? 14.Que é o homem para que seja puro? Pode ser justo o que nasce de mulher? 15.Nem mesmo em seus santos Deus confia, nem os céus são puros a seus olhos!* 16.Quanto menos um ser abominável e corrompido, um homem que bebe a iniquidade como água! 17.Ouve-me! Vou instruir-te. Eu te contarei o que vi, 18.aquilo que os sábios ensinam, aquilo que seus pais não lhes ocultaram. 19.A eles somente foi dada terra, e no meio dos quais não tinha penetrado estrangeiro algum. 20.Em todos os dias de sua vida o mau é atormentado, os anos do opressor são em número restrito. 21.Ruídos terrificantes ressoam-lhe aos ouvidos, no seio da paz, lhe sobrevém o destruidor. 22.Ele não espera escapar das trevas, está destinado à espada. 23.Anda vagando à procura de pão, mas onde? Ele sabe que o dia das trevas está a seu lado. 24.A tribulação e a angústia vêm sobre ele como um rei que vai para o combate. 25.Pois estendeu a mão contra Deus e desafiou o Todo-poderoso. 26.Investiu contra ele com a cabeça levantada, por trás da grossura de seus escudos. 27.Cobriu de gordura o seu rosto e deixou a gordura ajuntar-se sobre seus rins. 28.Habitou em cidades desoladas, em casas que foram abandonadas, destinadas a se tornarem em ruínas. 29.Mas não se enriquecerá, nem os seus bens resistirão, não mais estenderá sua sombra sobre a terra. 30.Não escapará das trevas; o fogo queimará seus ramos e sua flor será levada pelo vento. 31.E não se fie na mentira: ficará prisioneiro dela, pois a mentira será a sua recompensa. 32.Suas ramagens secarão antes da hora, seus ramos não tornarão a ficar verdes. 33.Como a vinha, sacudirá seus frutos verdes, e, como a oliveira, deixará cair a flor. 34.Pois a raça dos ímpios é estéril, e um fogo devorará as tendas dos corruptos. 35.Quem concebe o mal gera a infelicidade: é o engano que amadurece em seu seio”.

Resposta de Jó

16.   1.Jó respondeu então nestes termos: 2.“Já ouvi muitas vezes discursos semelhantes, sois todos uns consoladores importunos. 3.Quando terão fim essas palavras atiradas ao vento? O que é que te move para responder assim? 4.Eu também poderia falar como vós, se estivésseis no meu lugar. Arranjaria discursos a vosso respeito e sacudiria a cabeça contra vós. 5.Eu vos encorajaria verbalmente e moveria os meus lábios sem nenhuma avareza. 6.Se falo, nem por isso se aplaca a minha dor; se calo, estará ela afastada de mim? 7.Mas Deus me extenuou, estou aniquilado. Toda a sua tropa me pegou.* 8.Minha magreza tornou-se testemunho contra mim, ela depõe contra mim. 9.Sua cólera me fere e me persegue. Ele range os dentes contra mim. Meus inimigos aguçam os olhos sobre mim. 10.Abrem a boca para me devorar. Batem-me na face para me ultrajar, rebelando-se todos contra mim. 11.Deus me entrega aos perversos, joga-me nas mãos dos malvados. 12.Eu estava em paz. Ele, de repente, me esmagou. Segurou-me pela nuca e me pôs em pedaços. Tomou-me como seu alvo. 13.Suas setas voam em volta de mim. Ele rasga os meus rins sem piedade, espalhando o meu fel por terra. 14.Abre em mim brecha sobre brecha, ataca-me como um guerreiro. 15.Cosi um saco sobre minha pele e rolei minha fronte no pó. 16.Meu rosto está vermelho de tanto chorar e a sombra da morte estende-se sobre minhas pálpebras. 17.Entretanto, não há violência em minhas mãos e minha oração é pura! 18.Ó terra, não cubras o meu sangue e que seu grito não seja sufocado pela tumba.* 19.Tenho desde já uma testemunha no céu, um defensor nas alturas. 20.Minha oração subiu até Deus e meus olhos choram diante dele.* 21.Que ele mesmo julgue entre o homem e Deus, entre o homem e seu semelhante! 22.Pois meus anos contados se esgotam e eu entro numa vereda por onde não passarei de novo.

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