O rei Balac levou Balaão até os israelitas para amaldiçoá-los, no entanto, durante o trajeto o Senhor Deus vai conduzindo Balaão por outro caminho a fim de lhe conceder livramentos e mostrar que o povo de Israel é um povo escolhido, desta forma, ao se aproximar dos israelitas Balaão os abençoa ao invés de amaldiçoá-los, frustrando os planos do rei. Faça a leitura de preferencia em sua Bíblia dos capítulos 22, 23, 24 e 25 do livro do Números (Nm).
Números
III – NAS ESTEPES DE MOAB (22 – 36)
Profecias de Balaão
22. 1.Partiram os filhos de Israel e acamparam nas planícies de Moab, além do Jordão, defronte de Jericó. 2.Balac, filho de Sefor, tinha visto tudo o que Israel tinha feito aos amorreus. 3.Moab teve grande medo desse povo, porque era muito numeroso e ficou aterrorizado diante dos israelitas. 4.E Moab disse aos anciãos de Madiã: “Essa multidão vai devorar todos os nossos arredores como os bois devoram a erva do campo”. Balac, filho de Sefor, era então o rei de Moab. 5.Mandou, pois, mensageiros a Balaão, filho de Beor, em Petor, sobre o rio, na terra dos filhos de Amon, para que o chamassem e lhe dissessem: “Há aqui um povo que saiu do Egito, o qual cobre a face da terra, e estabeleceu-se diante de mim.* 6.Rogo-te que venhas e amaldiçoes esse povo, pois é muito mais poderoso do que eu. Talvez assim eu possa batê-lo e expulsá-lo de minha terra. Eu sei que será bendito o que abençoares e maldito o que amaldiçoares”. 7.Os anciãos de Moab e de Madiã partiram levando consigo o preço da adivinhação. Chegando junto de Balaão, referiram-lhe as palavras de Balac. 8.Balaão respondeu: “Passai a noite aqui, e vos darei a resposta que o Senhor me indicar”. Ficaram, pois, os chefes de Moab em casa de Balaão. 9.Deus veio a Balaão e disse-lhe: “Quem é essa gente que tens em tua casa?”. 10.Balaão respondeu a Deus: “É Balac, filho de Sefor, rei de Moab, que me manda dizer: 11.Há aqui um povo que saiu do Egito, o qual cobre a superfície da terra. Vem, pois, e amaldiçoa-o. Talvez assim possa eu batê-lo e expulsá-lo da terra”. 12.Disse Deus a Balaão: “Não irás com eles, e não amaldiçoarás esse povo, porque é bendito”. 13.Levantando-se Balaão pela manhã, disse aos chefes enviados por Balac: “Voltai para a vossa terra, pois o Senhor me proibiu de ir convosco”. 14.Os chefes de Moab retomaram o caminho e voltaram para junto de Balac: “Balaão – disseram-lhe eles – recusou vir conosco”. 15.Balac mandou-lhe de novo outros chefes, mais numerosos e mais importantes que os primeiros. 16.Chegados junto a Balaão, disseram-lhe: “Eis a mensagem de Balac, filho de Sefor: Rogo-te que não recuses vir ter comigo. 17.Eu te cumularei de honras e farei tudo o que me disseres. Vem amaldiçoar esse povo”. 18.“Ainda que o vosso senhor me desse a sua casa cheia de prata e de ouro – respondeu Balaão aos servos de Balac – eu não poderia transgredir a ordem do Senhor, meu Deus, nem pouco nem muito, no que quer que seja. 19.Todavia, passai ainda esta noite aqui, para que eu saiba o que o Senhor me responderá ainda desta vez.” 20.Deus veio a Balaão durante a noite e disse-lhe: “Já que essa gente te veio chamar, levanta-te e vai com eles. Mas só farás o que eu te disser”. 21.Balaão levantou-se de manhã, selou sua jumenta e partiu com os chefes de Moab. 22.O Senhor irritou-se com sua partida, e o anjo do Senhor pôs-se-lhe no caminho como obstáculo. Balaão cavalgava em sua jumenta, acompanhado de seus dois servos.* 23.A jumenta, vendo o anjo do Senhor postado no caminho, com uma espada desembainhada na mão, desviou-se e seguiu pelo campo; o adivinho a fustigava para fazê-la voltar ao caminho. 24.Então o anjo do Senhor pôs-se em um caminho estreito que passava por entre as vinhas, com um muro de cada lado. 25.Vendo-o, a jumenta coseu-se com o muro, ferindo contra ele o pé de Balaão, que a fustigou de novo. 26.O anjo do Senhor deteve-se de novo mais adiante em uma passagem estreita, onde não havia espaço para se desviar nem para a direita nem para a esquerda. 27.A jumenta, ao vê-lo, deitou-se debaixo de Balaão, o qual, encolerizado, a fustigava mais fortemente com seu bastão. 28.Então o Senhor abriu a boca da jumenta, que disse a Balaão: “Que te fiz eu? Por que me bateste já três vezes?”.* 29.“Porque zombaste de mim – respondeu ele –. “Ah, se eu tivesse uma espada na mão! Já o teria matado!” 30.A jumenta replicou: “Acaso não sou eu a tua jumenta, a qual montaste até o dia de hoje? Tenho eu porventura o costume de proceder assim contigo?”. “Não” – respondeu ele. 31.Então o Senhor abriu os olhos de Balaão, e ele viu o anjo do Senhor que estava no caminho com a espada desembainhada na mão. Inclinou-se e prostrou-se com a face por terra. 32.“Por que – disse-lhe o anjo do Senhor – feriste três vezes a tua jumenta? Eu vim opor-me a ti, porque segues um caminho que te leva ao precipício. 33.Vendo-me, a tua jumenta desviou-se por três vezes diante de mim. Se ela não o tivesse feito, eu te haveria matado, e ela ficaria viva.” 34.Balaão disse ao anjo do Senhor: “Pequei. Eu não sabia que estavas postado no caminho para deter-me. Se minha viagem te desagrada, voltarei”. 35.“Segue esses homens – respondeu-lhe o anjo do Senhor – mas cuida de só proferir as palavras que eu te disser.” E Balaão partiu com os chefes de Balac. 36.Quando Balac soube de sua chegada, subiu-lhe ao encontro até a cidade de Moab, na fronteira do Arnon, na extremidade daquela terra, 37.e disse-lhe: “Mandei mensageiros chamar-te. Por que não vieste logo? Não posso eu tratar-te com honras?”. 38.“Eis-me aqui – respondeu Balaão – mas poderei eu agora dizer algo de mim mesmo? Só direi o que Deus me puser na boca, nada mais.” 39.E partiram os dois para Cariat-Husot. 40.Balac imolou em sacrifício bois e ovelhas, dos quais mandou algumas porções a Balaão e aos chefes que o acompanhavam. 41.No dia seguinte pela manhã, Balac tomou consigo o adivinho e levou-o a Bamot-Baal, de onde se podiam ver as últimas linhas do acampamento de Israel.*
Balaão abençoa Israel
23. 1.Balaão disse ao rei: “Levanta-me aqui sete altares e prepara-me sete touros e sete carneiros”. 2.Balac fez o que o adivinho pediu, e ofereceram juntos um touro e um carneiro em cada altar. 3.“Fica – disse Balaão a Balac – junto de teu holocausto, enquanto eu me afasto. Talvez o Senhor venha ao meu encontro, e te direi tudo o que ele me mandar.” Afastou-se Balaão e foi para um monte escalvado, 4.onde Deus se lhe apresentou. Balaão disse a Deus: “Levantei sete altares, e sobre cada altar ofereci um touro e um carneiro”. 5.O Senhor pôs então uma palavra na boca de Balaão e disse: “Volta para junto de Balac e dize-lhe isto e isto”. 6.Voltando para perto do rei, encontrou-o de pé junto do seu holocausto, com todos os chefes de Moab. 7.Balaão pronunciou o seguinte oráculo: “De Aram mandou-me vir Balac, das montanhas do Oriente, o rei de Moab: Vem! Por mim amaldiçoa Jacó! Vem votar Israel à perdição! 8.Como poderei amaldiçoar a quem Deus não amaldiçoa? Como encolerizar-me, se o Senhor não se encolerizou? 9.Do alto dos rochedos eu contemplo, estou vendo do cimo das colinas: um povo isolado, não contado entre as nações. 10.Quem poderia calcular o pó de Jacó? Quem poderia medir as nuvens de Israel? Que eu morra da morte dos justos, que o meu fim se assemelhe ao fim deles!”.* 11.Balac disse a Balaão: “Que me fizeste? Mandei-te chamar para amaldiçoares os meus inimigos; e eis que os abençoas!”. 12.“Porventura – respondeu o adivinho – não devo eu cuidar de só dizer o que o Senhor põe na minha boca?” 13.Balac disse-lhe então: “Vem comigo a outro lugar de onde poderás vê-los. Não verás somente a sua extremidade, mas todo o seu acampamento, e dali os amaldiçoarás”. 14.Conduziu-o ao campo de Sofim, no cimo do Fasga, onde levantou sete altares para serem oferecidos sobre cada qual um touro e um carneiro. 15.Balaão disse-lhe: “Fica aqui junto de teu holocausto, enquanto vou ao encontro do Senhor”. 16.O Senhor apresentou-se a Balaão, pôs-lhe na boca uma palavra e disse: “Volta a Balac e dize-lhe isto e isto”. 17.Voltou o adivinho para junto do rei, o qual estava de pé ao lado do seu holocausto com os chefes de Moab. “Que disse o Senhor?” – perguntou-lhe Balac. 18.E Balaão pronunciou o seguinte oráculo: “Levanta-te, Balac, e escuta; presta-me atenção, filho de Sefor: 19.Deus não é homem para mentir, nem alguém para se arrepender. Alguma vez prometeu sem cumprir? Por acaso falou e não executou? 20.Recebi ordem de abençoar; ele abençoou: nada posso mudar. 21.Não achou iniquidade em Jacó, nem perversidade em Israel. O Senhor, seu Deus, está com ele, nele é proclamado rei. 22.Deus os retirou do Egito e lhes deu o vigor do búfalo. 23.Não é preciso magia em Jacó, nem adivinhação em Israel: a seu tempo, se dirá a Jacó e a Israel o que Deus quer fazer. 24.Este povo levanta-se como leoa, firma-se como leão; não se deita sem ter devorado a presa e bebido o sangue de suas vítimas”. 25.Balac disse a Balaão: “Se não os amaldiçoas, ao menos não os abençoes”. 26.“Não te disse eu – respondeu Balaão – que faria tudo o que o Senhor me dissesse?” 27.Balac replicou: “Vem: eu te conduzirei a outro lugar; talvez Deus se agrade que tu os amaldiçoes de lá”. 28.Balac levou o adivinho ao cimo do monte Fogor, que domina o deserto. 29.Balaão disse-lhe: “Constrói-me sete altares, e prepara-me sete touros e sete carneiros”. 30.Balac fez como ordenara Balaão, e ofereceu sobre cada altar um touro e um carneiro.
24. 1.Balaão, vendo que era do agrado do Senhor que abençoasse Israel, não foi como antes ao encontro de agouros. Voltou-se para o deserto 2.e, levantando os olhos, viu Israel acampado nas tendas segundo as suas tribos. O Espírito de Deus veio sobre ele, 3.e pronunciou o oráculo seguinte: “Oráculo de Balaão, filho de Beor, oráculo do homem que tem o olho fechado, 4.oráculo daquele que ouve as palavras de Deus, desfruta a visão do Todo-poderoso, e se lhe abrem os olhos quando se prostra: 5.Quão formosas tuas tendas, Jacó, tuas moradas, Israel! 6.Elas se estendem como vales, como jardins à beira do rio, como aloés plantados pelo Senhor, como cedros junto das águas. 7.Jorram águas de seus jarros, suas sementeiras são copiosamente irrigadas. Seu rei é mais poderoso que Agag, de sublime realeza. 8.Deus os retirou do Egito, e lhes deu o vigor do búfalo. Devora os povos inimigos; quebra-lhes os ossos e criva-os de flechas. 9.Deita-se, descansa como um leão, como uma leoa: quem o despertará? Bendito seja quem te abençoar, maldito quem te amaldiçoar!”. 10.Balac, encolerizado contra Balaão, bateu as mãos e disse-lhe: “Foi para amaldiçoar os meus inimigos que te chamei, e eis que já pela terceira vez os abençoas. 11.Agora, vai-te depressa para a tua casa. Pensei em cumular-te de honras, mas o Senhor privou-te dessas honras”. 12.“Pois não disse eu aos teus mensageiros – respondeu Balaão – 13.mesmo que Balac me desse a sua casa cheia de prata e de ouro, eu não poderia transgredir a ordem do Senhor, nem fazer o que quer que seja por minha própria conta; somente diria o que o Senhor me ordenasse? 14.Pois bem; volto para o meu povo. Vem, pois quero anunciar-te o que esse povo fará ao teu no decurso dos tempos.” 15.E Balaão pronunciou o oráculo seguinte: “Oráculo de Balaão, filho de Beor, oráculo do homem que tem o olho fechado, 16.oráculo daquele que ouve as palavras de Deus, conhece a ciência do Altíssimo, desfruta a visão do Todo-poderoso e se lhe abrem os olhos quando se prostra: 17.eu o vejo, mas não é para agora, percebo-o, mas não de perto: um astro sai de Jacó, um cetro levanta-se de Israel, que fratura a cabeça de Moab, o crânio dessa raça guerreira. * 18.Edom é sua conquista, Seir, seu inimigo, é sua presa. Israel ostenta a sua força. 19.De Jacó virá um dominador que há de exterminar os sobreviventes da cidade.”* 20.Ao ver Amalec, Balaão pronunciou este oráculo: “Amalec é a primeira das nações, mas seu fim será o extermínio”. 21.Depois, ao ver os quenitas, pronunciou o seguinte oráculo: “Sólida é a tua morada, teu ninho está posto na rocha. 22.Mas o quenita será aniquilado; Assur te levará ao cativeiro”. 23.E, por fim, acrescentou este oráculo: “Povos vivem ao norte. Navios hão de aportar das costas de Citim, 24.e oprimirão Assur, e oprimirão Héber, pois, também este perecerá para sempre”. 25.E, depois disso, Balaão partiu para a sua terra, enquanto Balac voltou pelo caminho por onde tinha vindo.
Devassidão dos israelitas
25. 1.Habitando os israelitas em Setim, entregaram-se à libertinagem com as filhas de Moab. 2.Estas convidaram o povo aos sacrifícios de seus deuses, e o povo comeu e prostrou-se diante dos seus deuses.* 3.Israel juntou-se a Baal-Fegor, provocando assim contra ele a cólera do Senhor: 4.“Reúne – disse o Senhor a Moisés – todos os chefes do povo, e pendura os culpados em forcas diante de mim, de cara para o sol, a fim de que o fogo de minha cólera se desvie de Israel”. 5.Moisés disse aos juízes de Israel: “Cada um de vós mate os seus que se tenham juntado a Baal-Fegor”. 6.Entretanto, um dos filhos de Israel trouxe para junto de seus irmãos uma madianita, sob os olhos de Moisés e de toda a assembleia que chorava à entrada da tenda de reunião. 7.Vendo isso, Fineias, filho de Eleazar, filho do sacerdote Aarão, levantou-se no meio da assembleia, tomou uma lança, 8.seguiu o israelita até a sua tenda, e ali transpassou-o juntamente com a mulher, ferindo-os no ventre. E deteve-se então o flagelo que se alastrava entre os israelitas. 9.Morreram vinte e quatro mil homens com essa praga.* 10.O Senhor disse a Moisés: 11.“Fineias, filho de Eleazar, filho do sacerdote Aarão, desviou minha cólera de sobre os israelitas, dando provas entre eles do mesmo zelo que eu. Por isso, não os extingui em minha cólera. 12.Dize-lhe, pois, que lhe dou a minha aliança de paz. 13.Isso será para ele e seus descendentes o pacto de um sacerdócio eterno, porque se mostrou cheio de zelo pelo seu Deus e fez expiação pelos israelitas”. 14.Chamava-se Zambri, filho de Salu, o israelita que foi morto com a madianita, o qual era chefe de uma família patriarcal da tribo de Simeão; 15.o nome da madianita morta era Cozbi, filha de Sur, chefe de tribo, de família patriarcal em Madiã. 16.O Senhor disse a Moisés: 17.“Atacai os madianitas e matai-os, 18.porque eles vos atacaram primeiro, enganando-vos artificiosamente por meio do ídolo de Fogor e de Cozbi, sua irmã, filha de um chefe de Madiã, que foi massacrada no dia do flagelo que sobreveio por causa do sacrilégio de Fogor”.