Continuando a nossa meditação, concluímos a leitura do livro do profeta Amós, e aqui evidenciamos uma série de profecias atribuídas ao Amós, que viveu no século VIII a.C. O profeta condena a injustiça social e a opressão dos pobres e prediz o juízo de Deus sobre o Reino do Norte de Israel, devido à sua idolatria e corrupção. Amós denuncia as práticas religiosas vazias e insinceras do povo e prediz a destruição e o exílio que viriam sobre eles. No entanto, o livro também contém promessas de restauração e esperança para o futuro. Faça a leitura de preferencia em sua Bíblia dos capítulos 5, 6, 7, 8 e 9 do livro de Amós (Am).
Amós
Lamentação sobre Israel
5. 1.Ouvi estas palavras, esta lamentação que vou pronunciar sobre ti, casa de Israel: 2.caiu, e não se levantará mais a virgem de Israel. Está atirada sobre o seu próprio solo; ninguém a levanta. 3.Porque eis o que diz o Senhor Javé: A cidade que punha em linha de combate mil guerreiros não possuirá mais que cem; a que punha cem guerreiros ficará reduzida a dez, na casa de Israel. 4.Eis o que diz o Senhor à casa de Israel: Buscai-me e vivereis! 5.Não busqueis Betel, não entreis em Guilgal, nem vos dirijais a Bersabeia. Porque Guilgal será deportada e Betel, aniquilada. 6.Buscai ao Senhor e vivereis; do contrário, ele mandará sobre a casa de José um fogo que a devorará, sem haver em Betel quem o apague. 7.Convertem o direito em absinto, e lançam por terra a justiça.* 8.Aquele que fez as Plêiades e o Órion, aquele que muda as trevas em aurora e transforma o dia em noite, que chama as águas do mar e as derrama sobre a face da terra, seu nome é o Senhor. 9.Ele faz cair os lugares fortificados, e lança a ruína sobre a fortaleza.* 10.Eles aborrecem os que os repreendem à porta, e detestam o homem de palavras íntegras.* 11.Por isso, porque oprimis o pobre e lhe extorquis tributos em trigo, não habitareis estes palácios de pedra que construístes; não bebereis o vinho destas vinhas de escol que plantastes. 12.Porque conheço o número de vossos crimes e a gravidade de vossos pecados, opressores do justo, exatores de dádivas, violadores do direito dos pobres em juízo. 13.Por isso, o prudente se cala neste tempo, porque é tempo mau. 14.Buscai o bem e não o mal, e vivereis; e o Senhor, Deus dos exércitos, estará convosco, como o dizeis.* 15.Detestai o mal, amai o bem, fazei reinar a justiça nas vossas assembleias; talvez então o Senhor, o Deus dos exércitos, tenha piedade do que resta de José! 16.Por isso, eis o que diz Javé, o Senhor, Deus dos exércitos: Por todas as praças soam gritos de luto; ouvem-se em todas as ruas esses gritos: ai, ai! Os lavradores são convidados a um luto público, e aos prantos os que sabem cantos fúnebres; 17.haverá lamentações em todas as vinhas, quando eu passar entre vós, diz o Senhor.
O dia do Senhor
18.Ai daqueles que desejam ver o dia do Senhor! Que será para vós o dia do Senhor? Trevas e não luz.* 19.Como aquele que escapa de um leão, mas dá de encontro com um urso; ou que volta para casa, mas ao tocar com a mão na parede é mordido pela serpente, 20.sim, o dia do Senhor será trevas e não claridade, escuridão, e não luz. 21.Aborreço vossas festas; elas me desgostam; não sinto gosto algum em vossos cultos;* 22.quando me ofereceis holocaustos e ofertas, não encontro neles prazer algum, e não faço caso de vossos sacrifícios e animais cevados. 23.Longe de mim o ruído de vossos cânticos, não quero mais ouvir a música de vossas harpas; 24.mas, antes, que jorre a equidade como uma fonte e a justiça como torrente que não seca. 25.Porventura oferecestes-me sacrifícios e oblações, casa de Israel, no deserto, durante quarenta anos? 26.Levastes, sim, o tabernáculo de Sacut, vosso rei, e Caivã, a estrela de vosso deus, ídolos que fabricastes.* 27.Eu vos deportei para além de Damasco, diz o Senhor que se chama Deus dos exércitos.
Ai dos ricos!
6. 1.Ai daqueles que vivem comodamente em Sião, e daqueles que vivem tranquilos no monte da Samaria; ai dos nobres do primeiro dos povos, aos quais acorre a casa de Israel. 2.Passai a Calane e contemplai, e ide dali a Emat, a Grande, descei a Gat dos filisteus; serão aquelas cidades mais prósperas que estes reinos? Seu território será mais vasto que o vosso?* 3.Pretendeis retardar o dia do infortúnio, e, no entanto, apressais a chegada do reino da violência. 4.Deitados em leitos de marfim, estendidos em sofás, comem os cordeiros do rebanho e os novilhos do estábulo. 5.Deliram ao som da harpa, e, como Davi, inventam para si instrumentos de música; 6.bebem o vinho em grandes copos, perfumam-se com óleos preciosos, sem se compadecerem da ruína de José.* 7.Por isso, serão deportados à frente dos cativos, e terão fim os banquetes dos voluptuosos. 8.O Senhor Javé jurou-o por si mesmo – oráculo do Senhor, Deus dos exércitos: Aborreço o orgulho de Jacó, odeio os seus palácios; entregarei a cidade com tudo o que nela se acha. 9.Se numa casa ficarem dez homens, eles morrerão.* 10.Virá um parente, aquele que queima o cadáver, para retirar de casa o corpo, e dirá ao que está dentro de casa: “Há ainda alguém contigo?”. Este responderá: “Não”. Então, o primeiro dirá: “Silêncio!”. Porque não é o momento de pronunciar o nome do Senhor.* 11.Eis, com efeito, o que o Senhor ordena: Fará cair em ruínas a casa grande, e a pequena, a reduzirá a destroços! 12.Porventura correm os cavalos por entre os rochedos, ou podem os bois lavrar uma rocha, para que vós troqueis o direito em veneno, e o fruto da justiça em absinto?* 13.Vós vos alegrais por causa de Lodebar, e dizeis: “Com nossa força conquistamos Carnaim”. 14.Mas, ó casa de Israel – oráculo do Senhor, Deus dos exércitos –, vou suscitar contra vós uma nação que vos oprimirá desde a entrada de Emat até o regato de Arabá.*
Três primeiras visões
7. 1.Eis o que me mostrou o Senhor Javé: uma nuvem de gafanhotos no tempo em que a forragem começa a crescer. Era a forragem depois da ceifa reservada ao rei.* 2.Quando os gafanhotos acabaram de devorar a erva da terra, eu disse: “Senhor, tende misericórdia! Como poderá resistir Jacó, sendo ele tão pequeno?”. 3.O Senhor arrependeu-se. “Isso não acontecerá’’ – disse o Senhor. 4.Eis o que ainda me mostrou o Senhor Javé: o Senhor Javé chamava o fogo para exercer o castigo. O fogo, tendo devorado o grande abismo, consumia também os campos.* 5.Então, disse eu: “Cessai, Senhor Javé! Como poderá resistir Jacó, sendo ele tão pequeno?”. 6.O Senhor arrependeu-se. “Pois tampouco isso há de acontecer” – disse-me o Senhor. 7.Eis o que me mostrou o Senhor Javé: o Senhor estava de pé sobre um muro a prumo, com um prumo na mão.* 8.“Que estás vendo, Amós?” – perguntou-me –. Eu disse: “Um prumo” – “Eis que vou passar ao prumo o meu povo de Israel” – replicou o Senhor –, “e não lhe perdoarei mais. 9.Os lugares altos de Isaac serão devastados, os santuários de Israel serão destruídos; eu me levantarei e brandirei a espada contra a casa de Jeroboão.”*
Expulsão de Amós por Amasias
10.Amasias, sacerdote de Betel, mandou dizer a Jeroboão, rei de Israel: “Amós conspira contra ti no meio dos israelitas. A terra não pode mais suportar os seus discursos. 11.Ele diz que Jeroboão perecerá pela espada e que Israel será deportado para longe de seu país!”. 12.Amasias disse a Amós: “Vai-te daqui, vidente, vai para a terra de Judá e ganha lá o teu pão, profetizando. 13.Mas não continues a profetizar em Betel, porque aqui é o santuário do rei, uma residência real”. 14.Amós respondeu a Amasias: “Eu não sou profeta nem filho de profeta. Sou pastor e cultivador de sicômoros.* 15.O Senhor tomou-me de detrás do meu rebanho e disse-me: Vai e profetiza contra o meu povo de Israel. 16.Ouve, pois, agora, a palavra do Senhor: Tu me dizes: Não profetizarás contra Israel, não falarás contra a casa de Isaac. 17.Pois bem! Eis o que diz o Senhor: Tua mulher será violada em plena cidade, teus filhos e tuas filhas cairão sob a espada, teu campo será repartido a cordel; quanto a ti, morrerás em uma terra impura, e Israel será deportado para longe de seu país”.*
Quarta visão
8. 1.Eis o que me mostrou o Senhor: Vi uma cesta de frutos maduros. 2.“Que vês tu, Amós?” – perguntou-me ele –. “Uma cesta de frutos maduros” – respondi –. Ele replicou: “Chegou o fim para o meu povo de Israel. Não continuarei a perdoá-lo. 3.Naquele dia, os cantos do palácio serão gritos de aflição – oráculo do Senhor Javé. Uma multidão de cadáveres, lançados em qualquer parte. Silêncio!”. 4.Ouvi isto, vós que engolis o pobre, e fazeis perecer os humildes da terra, 5.dizendo: Quando passará a lua nova, para vendermos o nosso trigo, e o sábado, para abrirmos os nossos celeiros, diminuindo a medida e aumentando o preço, e falseando a balança para defraudar?* 6.Compraremos os infelizes por dinheiro e os pobres por um par de sandálias. Venderemos até o refugo do trigo. 7.O Senhor jurou pelo orgulho de Jacó: não esquecerei jamais nenhum de seus atos. 8.Não estremecerá a terra por causa disso? Não estará de luto toda a sua população? Todo o solo crescerá como o Nilo, subirá e baixará como o rio do Egito.
Juízo divino
9.Acontecerá naquele dia – oráculo do Senhor Javé – que farei o sol se pôr ao meio-dia, e encherei a terra de trevas em pleno dia. 10.Converterei vossas festas em luto, e vossos cânticos em elegias fúnebres. Porei o saco em volta de todos os rins, e a navalha em todas as cabeças. E farei (a terra) debulhar-se em pranto, como se chora um filho único, e seu porvir será um dia de amargura. 11.Virão dias – oráculo do Senhor Javé – em que enviarei fome sobre a terra, não uma fome de pão, nem uma sede de água, mas (fome e sede) de ouvir a palavra do Senhor.* 12.Andarão errantes de um mar a outro, vaguearão do Norte ao Oriente; correrão por toda parte buscando a palavra do Senhor, e não a encontrarão. 13.Naqueles dias, desfalecerão de sede as belas jovens e os moços. 14.Os que juram pelo pecado da Samaria e dizem: “Pela vida do teu deus, Dã!”. e “Pelo caminho de Bersabeia!” – estes cairão e não mais se levantarão.*
Quinta visão
9. 1.Vi o Senhor de pé junto do altar. Ele me disse: “Fere o capitel, para que se estremeçam os umbrais. Quebra-os por cima das cabeças de todos; matarei à espada o que restar, sem que ninguém possa fugir nem escapar. 2.Mesmo que desçam à morada dos mortos, minha mão os arrancará de lá; ainda que subam aos céus, eu os farei descer dali; 3.se se esconderem no cimo do Carmelo, eu os irei buscar e os tirarei de lá; se se ocultarem de meus olhos no fundo do mar, lá ordenarei ao dragão que os morda; 4.se forem levados cativos pelos inimigos, ordenarei à espada que os mate. Terei meus olhos fixos neles para o seu mal, não para o seu bem”. 5.O Senhor Javé dos exércitos toca a terra, ela se funde, e todos os seus habitantes ficam de luto. Todo o solo cresce como o Nilo, e baixa como o rio do Egito. 6.Aquele que constrói seus aposentos no céu, e firma sobre a terra a abóbada celeste, aquele que convoca as águas do mar, e as derrama sobre a face da terra – “Senhor” é o seu nome. 7.Acaso não sois vós para mim, ó filhos de Israel, como os etíopes? – oráculo do Senhor. Se tirei Israel do Egito, não tirei também os filisteus de Caftor, e os sírios de Quir?* 8.Eis que os olhos do Senhor Javé estão fixos no reino pecador: eu o farei desaparecer da face da terra, mas não destruirei completamente a casa de Jacó – oráculo do Senhor. 9.Porque vou dar ordens; vou sacudir a casa de Israel entre todas as nações, como se sacode o grão na peneira sem que um só grão caia por terra. 10.Todos os pecadores do meu povo perecerão pela espada, embora digam: “Não seremos atingidos, não virá sobre nós o mal”.
Promessas de restauração
11.Naquele dia, levantarei a cabana arruinada de Davi, repararei as suas brechas, levantarei as suas ruínas, e a reconstruirei como nos dias antigos,* 12.para que herdem o que resta de Edom, e de todas as nações sobre as quais o meu nome foi invocado – oráculo do Senhor, que executará estas coisas. 13.Eis que vêm dias – oráculo do Senhor –, em que seguirão de perto o que planta e o que colhe, o que pisa os cachos e o que semeia; o mosto correrá pelas montanhas, todas as colinas se derreterão. 14.Restaurarei, então, o meu povo de Israel: reconstruirão as cidades devastadas e as habitarão; plantarão vinhas e beberão o seu vinho, cultivarão pomares e comerão os seus frutos. 15.Eu os implantarei no seu solo, e não serão mais arrancados da terra que lhes dei – oráculo do Senhor, teu Deus.