Na nossa reflexão de hoje observamos que o autor aborda diversos temas, como amizade, hipocrisia, justiça, vingança e perdão. Ele ainda destaca a importância da descrição e da salvaguarda da amizade, alertando que revelar os segredos de um amigo pode levar à perda de confiança e dificuldade em encontrar novas amizades. Ele também condena a hipocrisia e destaca a imanência da justiça. O autor enfatiza o perdão como uma virtude cristã e faz referências à Nova Aliança trazida por Jesus. Além disso, no capítulo 26, o autor discute as virtudes e maldades da mulher, destacando a importância de uma mulher virtuosa para a alegria e satisfação do marido. Faça a leitura de preferencia em sua Bíblia dos capítulos 26, 27 e 28 do livro do Eclesiástico (Eclo).
Livro do Eclesiástico
26. 1 Feliz o homem que tem uma boa mulher, pois, se duplicará o número de seus anos. 2 A mulher forte faz a alegria de seu marido, e derramará paz nos anos de sua vida. 3 É um bom quinhão uma mulher bondosa; no quinhão daqueles que temem a Deus, ela será dada a um homem pelas suas boas ações. 4 Rico ou pobre, (o seu marido) tem o coração satisfeito, e seu rosto reflete alegria em todo o tempo. 5 Meu coração teme três coisas, e uma quarta faz empalidecer de pavor o meu semblante: 6 a denúncia de uma cidade, o motim de um povo, 7 a calúnia, coisas estas mais temíveis que a morte; 8 mas uma mulher ciumenta é uma dor de coração e um luto. 9 A língua de uma mulher ciumenta é um chicote que atinge todos os homens. 10 Uma mulher maldosa é como jugo de bois desajustado; quem a possui é como aquele que pega um escorpião. 11 A mulher que se dá à bebida é motivo de grande cólera; sua ofensa e sua infâmia não ficarão ocultas. 12 O mau procedimento de uma mulher revela-se na imprudência de seu olhar e no pestanejar das pálpebras. 13 Vigia cuidadosamente a jovem que não se retrai dos homens, para que não se perca, achando ocasião. 14 Desconfia de toda ousadia de seus olhos, e não te admires se ela te desprezar. 15 Como um viajante sedento abre a boca diante da fonte e bebe toda a água que encontra, assim senta-se ela em qualquer cama até desfalecer, e qualquer flecha abre sua aljava. 16 A graça de uma mulher cuidadosa rejubila seu marido, 17 e seu bom comportamento revigora os ossos. 18 É um dom de Deus uma mulher sensata e silenciosa, e nada se compara a uma mulher bem-educada. 19 A mulher santa e honesta é uma graça inestimável; 20 não há peso para pesar o valor de uma alma casta. 21 Assim como o sol que se levanta nas alturas de Deus, assim é a beleza de uma mulher honrada, ornamento de sua casa. 22 Como a lâmpada que brilha no candelabro sagrado, assim é a beleza do rosto na idade madura. 23 Como colunas de ouro sobre alicerces de prata, são as pernas formosas sobre calcanhares firmes. 24 Como fundamentos eternos sobre pedra firme, assim são os preceitos divinos no coração de uma mulher santa. 25 Duas coisas entristecem o meu coração, e uma terceira me irrita: 26 um homem de guerra que perece na indigência, um homem sábio que é desprezado, 27 e aquele que passa da justiça ao pecado; a este último, Deus reserva a espada.
Perigos do comércio
28 Duas coisas me parecem difíceis e perigosas: dificilmente evitará erros o que negocia, e o taberneiro não escapará ao pecado da língua.
27. 1 A pobreza fez cair vários deles no pecado. Quem procura enriquecer, afasta os olhos (de Deus). 2 Como se enterra um pau entre as junturas das pedras, assim penetra o pecado entre a venda e a compra. 3 O pecado será esmagado com o pecador. 4 Se não te aferrares firmemente no temor ao Senhor, tua casa em breve será destruída.
Como provar os homens
5 Quando se sacode a joeira, só ficam refugos; assim a perplexidade permanece no pensamento do homem. 6 A fornalha experimenta as jarras do oleiro; a prova do infortúnio, os homens justos. 7 O cuidado aplicado a uma árvore mostra-se no fruto; assim a palavra manifesta o que vai no coração do homem. 8 Não louves um homem antes que ele tenha falado, pois é assim que se experimentam os humanos.
Busca da justiça
9 Se procurares a justiça, hás de consegui-la, e dela te revestirás como de um manto de festa. Habitarás com ela, ela te protegerá para sempre; e, no dia do juízo, nela encontrarás apoio. 10 As aves chegam-se aos seus semelhantes; assim a verdade volta àqueles que a põem em prática. 11 O leão está sempre à espreita de uma presa; assim o pecado, para aqueles que praticam a iniqüidade. 12 O homem santo permanece na sabedoria, estável como o sol; mas o insensato é inconstante como a lua. 13 Na companhia dos tolos, guarda tuas palavras para outra ocasião. Sê de preferência assíduo junto às pessoas ponderadas. 14 A conversação dos pecadores é odiosa; eles se alegram nas delícias do pecado. 15 Uma linguagem cheia de blasfêmias é horripilante, e sua grosseria fará com que não queiramos ouvi-la. 16 Uma disputa entre orgulhosos faz correr sangue; suas injúrias fazem sofrer os ouvidos.
A discrição, salvaguarda da amizade
17 Quem revela o segredo de um amigo perde a sua confiança, e não mais achará amigos que lhe convenham. 18 Ama o teu próximo e sê fiel na amizade com ele; 19 se desvendares seus segredos, em vão correrás atrás dele, 20 pois, como um homem que mata seu amigo, assim é o que destrói a amizade do próximo; 21 como um homem que solta o pássaro que tem na mão, assim abandonaste o teu próximo, e não mais o encontrarás. 22 Não o persigas, já está longe; escapou-se como uma gazela da armadilha. Porque a sua alma foi ferida, 23 e não mais poderás curar (sua ferida). Depois de uma injúria pode haver reconciliação; 24 desvendar, porém, os segredos de um amigo é um desespero para a alma desventurada.
Hipocrisia
25 Aquele que tem um olhar lisonjeiro trama negros propósitos, e ninguém pode afastá-lo de si. 26 Em tua presença só terá doçura nos lábios, admirará tudo o que disseres; mas em breve mudará sua linguagem e armará laços às tuas palavras. 27 Abomino muitas coisas, porém nada tanto quanto ele; o Senhor também o detesta.
Justiça imanente
28 Quem lança uma pedra no ar, a vê recair sobre sua cabeça; a ofensa feita por traição atingirá também o traidor. 29 Quem cava uma fossa cairá nela; quem põe uma pedra no caminho do próximo nela tropeçará; quem arma uma cilada a outrem nela será apanhado. 30 O desígnio criminoso volta-se contra o seu autor, que não saberá de onde lhe vem o mal. 31 A zombaria e a ofensa são próprias dos orgulhosos; a vingança os espreita como um leão. 32 Aqueles que escarnecem do pecado dos justos serão apanhados no laço, e a dor os consumirá ainda vivos.
A vingança
33 Cólera e furor são ambos execráveis; o homem pecador os alimenta em si mesmo.
28. 1 Aquele que quer vingar sofrerá a vingança do Senhor, que guardará cuidadosamente os seus pecados. 2 Perdoa ao teu próximo o mal que te fez, e teus pecados serão perdoados quando o pedires. 3 Um homem guarda rancor contra outro homem, e pede a Deus a sua cura! 4 Não tem misericórdia para com o seu semelhante, e roga o perdão dos seus pecados! 5 Ele, que é apenas carne, guarda rancor, e pede a Deus que lhe seja propício! Quem, então, lhe conseguirá o perdão de seus pecados? 6 Lembra-te do teu fim, e põe termo às tuas inimizades, 7 pois a decadência e a morte são uma ameaça (para aqueles que transgridem) os mandamentos. 8 Lembra-te do temor a Deus, e não fiques irado contra o próximo. 9 Lembra-te da aliança com o Altíssimo, e passa por cima do erro que o teu próximo cometeu inadvertidamente.
Desavenças
10 Evita a desavença e diminuirás os pecados. 11 O homem irascível provoca as querelas; o pecador espalha a inquietação entre seus amigos, e semeia a inimizade no meio de pessoas que vivem em paz. 12 O fogo queima na proporção da lenha que há na floresta; a ira do homem inflama-se na medida de seu poder, e desenvolve-se em proporção de sua riqueza. 13 Uma querela precipitada acende o fogo; a presteza na disputa derrama sangue; e a língua que presta (falso) testemunho causa a morte. 14 Sopra sobre uma centelha e ela se abrasará; cospe sobre ela e ela se apagará: ambos saem de tua boca.
Crimes da língua
15 Maldito o delator e o homem que diz branco e preto, pois semeiam a discórdia entre muita gente que vive em paz. 16 A língua de um terceiro abalou muitos deles, e os afugentou de uma nação a outra. 17 Ela destruiu as cidades fortes dos ricos, e arrasou as casas dos poderosos. 18 Desbaratou os exércitos dos povos, e dispersou nações valentes. 19 A língua de um terceiro fez repudiar mulheres de escol, e privou-as do fruto de seu labor. 20 Aquele que o ouve não terá paz, não terá amigo em quem tenha confiança. 21 A chicotada produz um ferimento, porém uma língua má quebra os ossos. 22 Muitos homens morreram pelo fio da espada, mas não tantos quanto os que pereceram por sua própria língua. 23 Feliz aquele que está ao abrigo da língua perversa, que não passou pela cólera dela, que não atraiu sobre si o seu jugo, e que não foi atado pelas suas correntes, 24 pois o jugo dela é um jugo de ferro, e suas correntes, correntes de bronze. 25 A morte que ela dá é morte desastrada, e a moradia dos mortos é-lhe preferível. 26 Ela durará, mas não sempre; ela dominará o proceder dos injustos, e os justos não serão devorados pelas suas chamas. 27 Aqueles que abandonam Deus lhe serão entregues: ela os consumirá sem se apagar; lançar-se-á sobre eles como um leão; e os estraçalhará como um leopardo. 28 Protege teus ouvidos com uma sebe de espinhos; não dês ouvidos à língua maldosa, e põe em tua boca uma porta com ferrolhos. 29 Derrete teu ouro e tua prata; faze uma balança para (pesar) as tuas palavras, e para a tua boca, um freio bem ajustado. 30 Tem cuidado para não pecar pela língua, para não caíres na presença dos inimigos que te espreitam, e para que não venha o teu pecado a ser incurável e mortal.