Continuando o nosso desafio, finalizamos aqui a reflexão do evangelho segundo São João, que nestes capítulos descreve os eventos que levaram à crucificação e ressurreição de Jesus Cristo. No contexto, Pilatos manda flagelar Jesus, os soldados colocam uma coroa de espinhos na sua cabeça e um manto de púrpura sobre ele. Pilatos apresenta Jesus ao povo, dizendo “Eis o homem!”, mas os judeus pedem para crucificá-lo, alegando que ele se declarou Filho de Deus. Jesus é crucificado junto com outros dois criminosos, uma inscrição é colocada acima da cruz com a frase “Jesus de Nazaré, rei dos judeus”. Após a morte de Jesus, ele é sepultado em um túmulo novo, mas no terceiro dia ressuscita. Ele aparece a Maria Madalena e a seus discípulos, mostrando suas mãos e o lado ferido. Jesus realiza outros milagres e aparece novamente aos discípulos na Galileia. São João termina afirmando que Jesus fez muitas outras coisas, mas que não foram escritas todas. Faça a leitura de preferencia em sua Bíblia dos capítulos 19, 20 e 21 do evangelho segundo São João (Jo).
João
19. 1.Pilatos mandou então flagelar Jesus. 2.Os soldados teceram de espinhos uma coroa e puseram-lha sobre a cabeça e cobriram-no com um manto de púrpura. 3.Aproximavam-se dele e diziam: “Salve, rei dos judeus!”. E davam-lhe bofetadas. 4.Pilatos saiu outra vez e disse-lhes: “Eis que vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele nenhum motivo de acusação”. 5.Apareceu então Jesus, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Pilatos disse: “Eis o homem!”. 6.Quando os pontífices e os guardas o viram, gritaram: “Crucifica-o! Crucifica-o. Falou-lhes Pilatos: “Tomai-o vós e crucificai-o, pois eu não acho nele culpa alguma”. 7.Responderam-lhe os judeus: “Nós temos uma Lei, e segundo essa Lei ele deve morrer, porque se declarou Filho de Deus”. 8.Essas palavras impressionaram Pilatos. 9.Entrou novamente no pretório e perguntou a Jesus: “De onde és tu?”. Mas Jesus não lhe respondeu. 10.Pilatos então lhe disse: “Tu não me respondes? Não sabes que tenho poder para te soltar e para te crucificar?”. 11.Respondeu Jesus: “Não terias poder algum sobre mim, se de cima não te fora dado. Por isso, quem me entregou a ti tem pecado maior”. 12.Desde então Pilatos procurava soltá-lo. Mas os judeus gritavam: “Se o soltares, não és amigo do imperador, porque todo o que se faz rei se declara contra o imperador”. 13.Ouvindo essas palavras, Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Lajeado, em hebraico Gábata.* 14.(Era a Preparação para a Páscoa, cerca da hora sexta.) Pilatos disse aos judeus: “Eis o vosso rei!”.* 15.Mas eles clamavam: “Fora com ele! Fora com ele! Crucifica-o!”. Pilatos perguntou-lhes: “Hei de crucificar o vosso rei?”. Os sumos sacerdotes responderam: “Não temos outro rei senão César!”. 16.Entregou-o então a eles para que fosse crucificado.
Crucificação
17.Levaram então consigo Jesus. Ele próprio carregava a sua cruz para fora da cidade, em direção ao lugar chamado Calvário, em hebraico Gólgota.* 18.Ali o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio. 19.Pilatos redigiu também uma inscrição e a fixou por cima da cruz. Nela estava escrito: “Jesus de Nazaré, rei dos judeus”. 20.Muitos dos judeus leram essa inscrição, porque Jesus foi crucificado perto da cidade e a inscrição era redigida em hebraico, em latim e em grego. 21.Os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos: “Não escrevas: Rei dos judeus, mas sim: Este homem disse ser o rei dos judeus”. 22.Respondeu Pilatos: “O que escrevi, escrevi”. 23.Depois de os soldados crucificarem Jesus, tomaram as suas vestes e fizeram delas quatro partes, uma para cada soldado. A túnica, porém, toda tecida de alto a baixo, não tinha costura. 24.Disseram, pois, uns aos outros: “Não a rasguemos, mas deitemos sorte sobre ela, para ver de quem será”. Assim se cumpria a Escritura: Repartiram entre si as minhas vestes e deitaram sorte sobre a minha túnica (Sl 21,19). Isso fizeram os soldados. 25.Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. 26.Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: “Mulher, eis aí teu filho”. 27.Depois disse ao discípulo: “Eis aí tua mãe”. E dessa hora em diante o discípulo a recebeu como sua mãe.
Morte de Jesus
28.Em seguida, sabendo Jesus que tudo estava consumado, para se cumprir plenamente a Escritura, disse: “Tenho sede”. 29.Havia ali um vaso cheio de vinagre. Os soldados encheram de vinagre uma esponja e, fixando-a numa vara de hissopo, chegaram-lhe à boca.* 30.Havendo Jesus tomado do vinagre, disse: “Tudo está consumado”. Inclinou a cabeça e entregou o espírito. 31.Os judeus temeram que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque já era a Preparação e esse sábado era particularmente solene. Rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados.* 32.Vieram os soldados e quebraram as pernas do primeiro e do outro, que com ele foram crucificados. 33.Chegando, porém, a Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas, 34.mas um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água. 35.O que foi testemunha desse fato o atesta (e o seu testemunho é digno de fé, e ele sabe que diz a verdade), a fim de que vós creiais. 36.Assim se cumpriu a Escritura: Nenhum dos seus ossos será quebrado (Ex 12,46).* 37.E diz em outra parte a Escritura: Olharão para aquele que transpassaram (Zc 12,10).
Sepultura
38.Depois disso, José de Arimateia, que era discípulo de Jesus, mas ocultamente, por medo dos judeus, rogou a Pilatos a autorização para tirar o corpo de Jesus. Pilatos permitiu. Foi, pois, e tirou o corpo de Jesus. 39.Acompanhou-o Nicodemos (aquele que anteriormente fora de noite ter com Jesus), levando umas cem libras de uma mistura de mirra e aloés. 40.Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no em panos com os aromas, como os judeus costumam sepultar. 41.No lugar em que ele foi crucificado havia um jardim, e no jardim um sepulcro novo, em que ninguém ainda fora depositado. 42.Foi ali que depositaram Jesus por causa da Preparação dos judeus e da proximidade do túmulo.
Ressurreição
20. 1.No primeiro dia que se seguia ao sábado, Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã cedo, quando ainda estava escuro. Viu a pedra removida do sepulcro. 2.Correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava: “Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram!”. 3.Saiu então Pedro com aquele outro discípulo, e foram ao sepulcro. 4.Corriam juntos, mas aquele outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro. 5.Inclinou-se e viu ali os panos no chão, mas não entrou. 6.Chegou Simão Pedro que o seguia, entrou no sepulcro e viu os panos postos no chão. 7.Viu também o sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus. Não estava, porém, com os panos, mas enrolado num lugar à parte. 8.Então, entrou também o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu. 9.Em verdade, ainda não haviam entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dentre os mortos. 10.Os discípulos, então, voltaram para as suas casas.
Aparição a Maria Madalena
11.Entretanto, Maria se conservava do lado de fora perto do sepulcro e chorava. Chorando, inclinou-se para olhar dentro do sepulcro. 12.Viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde estivera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. 13.Eles lhe perguntaram: “Mulher, por que choras?”. Ela respondeu: “Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram”. 14.Ditas essas palavras, voltou-se para trás e viu Jesus em pé, mas não o reconheceu. 15.Perguntou-lhe Jesus: “Mulher, por que choras? Quem procuras?”. Supondo ela que fosse o jardineiro, respondeu: “Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste e eu o irei buscar”. 16.Disse-lhe Jesus: “Maria!” Voltando-se ela, exclamou em hebraico: “Rabôni!” (que quer dizer Mestre). 17.Disse-lhe Jesus: “Não me retenhas, porque ainda não subi a meu Pai, mas vai a meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”.* 18.Maria Madalena correu para anunciar aos discípulos que ela tinha visto o Senhor e contou o que ele lhe tinha falado.
Aparições aos discípulos
19.Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-se no meio deles. Disse-lhes ele: “A paz esteja convosco!”. 20.Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao ver o Senhor. 21.Disse-lhes outra vez: “A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós”. 22.Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: “Recebei o Espírito Santo. 23.Àqueles a quem perdoardes os pecados, lhes serão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, lhes serão retidos”. 24.Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. 25.Os outros discípulos disseram-lhe: “Vimos o Senhor”. Mas ele replicou-lhes: “Se não vir nas suas mãos o sinal dos pregos, e não puser o meu dedo no lugar dos pregos, e não introduzir a minha mão no seu lado, não acreditarei!”. 26.Oito dias depois, estavam os seus discípulos outra vez no mesmo lugar e Tomé com eles. Estando trancadas as portas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco!”. 27.Depois disse a Tomé: “Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé”. 28.Respondeu-lhe Tomé: “Meu Senhor e meu Deus!”. 29.Disse-lhe Jesus: “Creste, porque me viste. Felizes aqueles que creem sem ter visto!”. 30.Fez Jesus, na presença dos seus discípulos, ainda muitos outros milagres que não estão escritos neste livro. 31.Mas estes foram escritos, para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.*
IV – APÊNCDICE (21)
Aparição na Galileia
21. 1.Depois disso, tornou Jesus a manifestar-se aos seus discípulos junto ao lago de Tiberíades. Manifestou-se deste modo: 2.Estavam juntos Simão Pedro, Tomé (chamado Dídimo), Natanael (que era de Caná da Galileia), os filhos de Zebedeu e outros dois dos seus discípulos. 3.Disse-lhes Simão Pedro: “Vou pescar”. Responderam-lhe eles: “Também nós vamos contigo”. Partiram e entraram na barca. Naquela noite, porém, nada apanharam. 4.Chegada a manhã, Jesus estava na praia. Todavia, os discípulos não o reconheceram. 5.Perguntou-lhes Jesus: “Amigos, não tendes acaso alguma coisa para comer?”. – “Não”, responderam-lhe. 6.Disse-lhes ele: “Lançai a rede ao lado direito da barca e achareis”. Lançaram-na, e já não podiam arrastá-la por causa da grande quantidade de peixes. 7.Então, aquele discípulo a quem Jesus amava, disse a Pedro: “É o Senhor!”. Quando Simão Pedro ouviu dizer que era o Senhor, cingiu-se com a túnica (porque estava nu) e lançou-se às águas. 8.Os outros discípulos vieram na barca, arrastando a rede dos peixes (pois não estavam longe da terra, senão cerca de duzentos côvados). 9.Ao saltarem em terra, viram umas brasas preparadas e um peixe em cima delas, e pão. 10.Disse-lhes Jesus: “Trazei aqui alguns dos peixes que agora apanhastes”. 11.Subiu Simão Pedro e puxou a rede para a terra, cheia de cento e cinquenta e três peixes grandes. Apesar de serem tantos, a rede não se rompeu. 12.Disse-lhes Jesus: “Vinde, comei”. Nenhum dos discípulos ousou perguntar-lhe: “Quem és tu?” –, pois bem sabiam que era o Senhor. 13.Jesus aproximou-se, tomou o pão e lhos deu, e do mesmo modo o peixe. 14.Era esta já a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado. 15.Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, amas-me mais do que estes?”. Respondeu ele: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. Disse-lhe Jesus: “Apascenta os meus cordeiros”. 16.Perguntou-lhe outra vez: “Simão, filho de João, amas-me?”. Respondeu-lhe: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. Disse-lhe Jesus: “Apascenta os meus cordeiros”. 17.Perguntou-lhe pela terceira vez: “Simão, filho de João, amas-me?”. Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela terceira vez: “Amas-me?” –, e respondeu-lhe: “Senhor, sabes tudo, tu sabes que te amo”. Disse-lhe Jesus: “Apascenta as minhas ovelhas.* 18.Em verdade, em verdade te digo: quando eras mais moço, cingias-te e andavas aonde querias. Mas, quando fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres”. 19.Por essas palavras, ele indicava o gênero de morte com que havia de glorificar a Deus. E depois de assim ter falado, acrescentou: “Segue-me!”. 20.Voltando-se Pedro, viu que o seguia aquele discípulo que Jesus amava (aquele que estivera reclinado sobre o seu peito, durante a ceia, e lhe perguntara: “Senhor, quem é que te há de trair?”). 21.Vendo-o, Pedro perguntou a Jesus: “Senhor, e este? Que será dele?”. 22.Respondeu-lhe Jesus: “Que te importa se eu quero que ele fique até que eu venha? Segue-me tu”. 23.Correu por isso o boato entre os irmãos de que aquele discípulo não morreria. Mas Jesus não lhe disse: “Não morrerá”, mas: “Que te importa se quero que ele fique assim até que eu venha?”. 24.Este é o discípulo que dá testemunho de todas essas coisas, e as escreveu. E sabemos que é digno de fé o seu testemunho. 25.Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever.