Na meditação da Sagrada Escritura dos capítulos que se seguem, o apóstolo Paulo expressa seu pesar pela rejeição de muitos israelitas ao evangelho. Ele enfatiza que a eleição de Israel não significa que todos os descendentes de Israel são verdadeiros israelitas aos olhos de Deus. Paulo argumenta que a salvação não é alcançada pelas obras, mas sim pela fé em Jesus Cristo. Ele menciona que Deus endurece aqueles que não creem, mas também mostra misericórdia aos que creem. Paulo destaca a importância do amor fraternal, exorta os crentes a oferecerem seus corpos como sacrifício vivo a Deus e a viverem em paz com os outros. Ele encoraja a não retribuir o mal com o mal, mas a vencer o mal com o bem. Faça a leitura de preferencia em sua Bíblia dos capítulos 9, 10, 11 e 12 da carta de São Paulo aos Romanos (Rm).
Romanos
V – DESÍGNIO DE DEUS A RESPEITO DE ISRAEL (9 – 11)
Tristeza do apóstolo
9. 1.Digo a verdade em Jesus Cristo, não minto; a minha consciência me dá testemunho pelo Espírito Santo: 2.sinto grande pesar, incessante amargura no coração. 3.Porque eu mesmo desejaria ser reprovado, separado de Cristo, por amor de meus irmãos, que são do mesmo sangue que eu, segundo a carne. 4.Eles são os israelitas; a eles foram dadas a adoção, a glória, as alianças, a Lei, o culto, as promessas* 5.e os patriarcas; deles descende Cristo, segundo a carne, o qual é, sobre todas as coisas, Deus bendito para sempre. Amém.
Eleição de Israel
6.Não quer dizer, porém, que a Palavra de Deus tenha falhado. Porque nem todos os que descendem de Israel são verdadeiros israelitas,* 7.como nem todos os descendentes de Abraão são filhos de Abraão; mas: É em Isaac que terás uma descendência que trará o teu nome (Gn 21,12). 8.Isto é, não são os filhos da carne que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa é que serão considerados como descendentes. 9.Realmente, a palavra da promessa é esta: Por este tempo virei, e Sara terá um filho (Gn 18,10). 10.E não somente ela, senão também Rebeca, que concebeu (dois filhos) de um só homem, Isaac, nosso patriarca. 11.Antes mesmo que fossem nascidos, e antes que tivessem feito bem ou mal algum (para que fosse confirmada a liberdade da escolha de Deus, 12.que depende não das obras, mas daquele que chama), foi dito a Rebeca: O mais velho servirá o mais moço (Gn 25,23). 13.Como está escrito: Amei Jacó, porém aborreci Esaú (Ml 1,3). 14.Que diremos, pois? Haverá injustiça em Deus? De modo algum! 15.Porque ele disse a Moisés: Farei misericórdia a quem eu fizer misericórdia; terei compaixão de quem eu tiver compaixão (Ex 33,19). 16.Dessa forma, a escolha não depende daquele que quer, nem daquele que corre, mas da misericórdia de Deus. 17.Por isso, diz a Escritura ao faraó: Eis o motivo por que te suscitei, para mostrar em ti o meu poder e para que se anuncie o meu nome por toda a terra (Ex 9,16). 18.Portanto, ele tem misericórdia de quem quer, e endurece a quem quer.* 19.Tu me dirás talvez: “Por que ele ainda se queixa? Quem pode resistir à sua vontade?”. 20.Mas quem és tu, ó homem, para contestar a Deus? Porventura o vaso de barro diz ao oleiro: “Por que me fizeste assim?”. 21.Ou não tem o oleiro poder sobre o barro para fazer da mesma massa um vaso de uso nobre e outro de uso vulgar? 22.(Onde, então, está a injustiça) em ter Deus, para mostrar a sua ira e manifestar o seu poder, suportado com muita paciência os objetos de ira preparados para a perdição,* 23.mostrando as riquezas da sua glória para com os objetos de misericórdia que, de antemão, preparou para a glória? 24.(Esses somos nós, que ele chamou não só dentre os judeus, mas também dentre os pagãos.) É o que ele diz em Oseias: 25.Chamarei meu povo ao que não era meu povo, e amada a que não era amada. 26.E no lugar mesmo em que lhes foi dito: Vós não sois meu povo, ali serão chamados filhos de Deus vivo (Os 2,1). 27.A respeito de Israel, exclama Isaías: Ainda que o número de filhos de Israel fosse como a areia do mar, só um resto será salvo; 28.porque o Senhor realizará plenamente e prontamente a sua palavra sobre a terra (10,22s). 29.E ainda como predisse Isaías: Se o Senhor dos exércitos não nos tivesse deixado um rebento, ficaríamos como Sodoma, seríamos como Gomorra (Is 1,9). 30.Então, que diremos? Que os gentios, que não buscavam a justiça, alcançaram a justificação, a que vem da fé, 31.ao passo que Israel, que procurava uma Lei que desse a justificação, não a encontrou. 32.Por quê? Porque Israel a buscava como fruto não da fé, e sim das obras. E tropeçou na pedra do escândalo, 33.como está escrito: Eis que ponho em Sião uma pedra de escândalo, um rochedo que faz cair; quem nele crer não será confundido (Is 8,14; 28,16).
Salvação para todos
10. 1.Irmãos, o desejo do meu coração e a súplica que dirijo a Deus por eles são para que se salvem. 2.Pois lhes dou testemunho de que têm zelo por Deus, mas um zelo sem discernimento. 3.Desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus. 4.Porque Cristo é o fim da Lei, para justificar todo aquele que crê. 5.Ora, Moisés escreve da justiça que vem da Lei: O homem que a praticar viverá por ela (Lv 18,5). 6.Mas a justiça que vem da fé diz assim: “Não digas em teu coração: ‘Quem subirá ao céu?’. Isto é, para trazer do alto o Cristo;* 7.ou: ‘Quem descerá ao abismo?’. Isto é, para fazer voltar Cristo dentre os mortos”. 8.Que diz ela, afinal? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração (Dt 30,14). Essa é a palavra da fé, que pregamos. 9.Portanto, se com tua boca confessares que Jesus é o Senhor, e se em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. 10.É crendo de coração que se obtém a justiça, e é professando com palavras que se chega à salvação. 11.A Escritura diz: Todo o que nele crer não será confundido (Is 28,16). 12.Pois não há distinção entre judeu e grego, porque todos têm um mesmo Senhor, rico para com todos os que o invocam, 13.porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo (Jl 3,5). 14.Porém, como invocarão aquele em quem não têm fé? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão falar, se não houver quem pregue? 15.E como pregarão, se não forem enviados, como está escrito: Quão formosos são os pés daqueles que anunciam as boas-novas (Is 52,7)? 16.Mas não são todos que prestaram ouvido à Boa-Nova. É o que exclama Isaías: Senhor, quem acreditou na nossa pregação (Is 53,1)?* 17.Logo, a fé provém da pregação e a pregação se exerce em razão da palavra de Cristo.* 18.Pergunto, agora: Acaso não ouviram? Claro que sim! Por toda a terra correu a sua voz, e até os confins do mundo foram as suas palavras (Sl 18,5). 19.E pergunto ainda: Acaso Israel não o compreendeu? Já Moisés lhes havia dito: Eu vos despertarei ciúmes com um povo que não merece este nome; eu vos provocarei a ira contra uma nação insensata (Dt 32,21). 20.E Isaías se abalança a dizer: Fui achado pelos que não me buscavam; manifestei-me aos que não perguntavam por mim (Is 65,1). 21.Ao passo que a respeito de Israel, ele diz: Todo o dia estendi as minhas mãos a um povo desobediente e teimoso (Is 65,2).
Um resto de Israel que subsiste
11. 1.Pergunto, então: Acaso rejeitou Deus o seu povo? De maneira alguma. Pois eu mesmo sou israelita, descendente de Abraão, da tribo de Benjamim. 2.Deus não repeliu o seu povo, que ele de antemão distinguiu! Desconheceis o que narra a Escritura, no episódio de Elias, quando este se queixava de Israel a Deus: 3.Senhor, mataram vossos profetas, destruíram vossos altares. Fiquei apenas eu, e ainda procuram tirar-me a vida (1Rs 19,10)? 4.Que lhe respondeu a voz divina? Reservei para mim sete mil homens, que não dobraram o joelho diante de Baal (1Rs 19,18). 5.É o que continua a acontecer no tempo presente: subsiste um resto, segundo a eleição da graça. 6.E se é pela graça, já não o é pelas obras; de outra maneira, a graça cessaria de ser graça. 7.Consequência? Que Israel não conseguiu o que procura. Os escolhidos, estes sim, o conseguiram. Quanto aos mais, foram obcecados, 8.como está escrito: Deus lhes deu um espírito de torpor, olhos para que não vejam e ouvidos para que não ouçam, até o dia presente (Dt 29,4). 9.Davi também o diz: A mesa se lhes torne em laço, em armadilha, em ocasião de tropeço, em justo castigo! 10.A vista se lhes obscureça para não verem! Dobra-lhes o espinhaço sem cessar (Sl 68,23s)! 11.Pergunto ainda: Tropeçaram acaso para cair? De modo algum. Mas sua queda, tornando a salvação acessível aos pagãos, incitou-os à emulação. 12.Ora, se o seu pecado ocasionou a riqueza do mundo, e a sua decadência a riqueza dos pagãos, que não fará a sua conversão em massa?!
Os pagãos enxertados na salvação oferecida a Israel
13.Declaro-o a vós, homens de origem pagã: como apóstolo dos pagãos, eu procuro honrar o meu ministério, 14.com o intuito de, eventualmente, excitar à emulação os homens da minha raça e salvar alguns deles.* 15.Porque, se de sua rejeição resultou a reconciliação do mundo, qual será o efeito de sua reintegração, senão uma ressurreição dentre os mortos? 16.Se as primícias são santas, também a massa o é; e se a raiz é santa, os ramos também o são. 17.Se alguns dos ramos foram cortados, e se tu, oliveira selvagem, foste enxertada em seu lugar e agora recebes seiva da raiz da oliveira,* 18.não te envaideças nem menosprezes os ramos. Pois, se te gloriares, sabe que não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti. 19.Dirás, talvez: “Os ramos foram cortados para que eu fosse enxertada”. 20.Sem dúvida! É pela incredulidade que foram cortados, ao passo que tu é pela fé que estás firme. Não te ensoberbeças, antes, teme. 21.Se Deus não poupou os ramos naturais, bem poderá não poupar a ti. 22.Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: severidade para com aqueles que caíram, bondade para contigo, suposto que permaneças fiel a essa bondade; do contrário, também tu serás cortada. 23.E eles, se não persistirem na incredulidade, serão enxertados; pois Deus é poderoso para enxertá-los de novo. 24.Se tu, cortada da oliveira de natureza selvagem, contra a tua natureza foste enxertada em boa oliveira, quanto mais eles, que são naturais, poderão ser enxertados na sua própria oliveira!
Salvação de Israel
25.Não quero, irmãos, que ignoreis este mistério, para que não vos gabeis de vossa sabedoria: esta cegueira de uma parte de Israel só durará até que haja entrado a totalidade dos pagãos. 26.Então, Israel em peso será salvo, como está escrito: Virá de Sião o libertador, apartará de Jacó a impiedade. 27.E esta será a minha aliança com eles, quando eu tirar os seus pecados (Is 59,20s; 27,9). 28.Se, quanto ao Evangelho, eles são inimigos de Deus, para proveito vosso, quanto à eleição eles são muito queridos por causa de seus pais.* 29.Pois os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis. 30.Assim como vós antes fostes desobedientes a Deus, e agora obtivestes misericórdia com a desobediência deles, 31.assim eles são incrédulos agora, em consequência da misericórdia feita a vós, para que eles também mais tarde alcancem, por sua vez, a misericórdia. 32.Deus encerrou a todos esses homens na desobediência para usar com todos de misericórdia. 33.Ó abismo de riqueza, de sabedoria e de ciência em Deus! Quão impenetráveis são os seus juízos e inexploráveis os seus caminhos! 34.Quem pode compreender o pensamento do Senhor? Quem jamais foi o seu conselheiro?* 35.Quem lhe deu primeiro, para que lhe seja retribuído?* 36.Dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele a glória por toda a eternidade! Amém.
VI – CONSEHOS E PRECEITOS MORAIS (12, 1 – 15, 13)
Verdadeira religião
12. 1.Eu vos exorto, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual. 2.Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito. 3.Em virtude da graça que me foi dada, recomendo a todos e a cada um: não façam de si próprios uma opinião maior do que convém, mas um conceito razoavelmente modesto, de acordo com o grau de fé que Deus lhes distribuiu.* 4.Pois, como em um só corpo temos muitos membros e cada um dos nossos membros tem diferente função, 5.assim nós, embora sejamos muitos, formamos um só corpo em Cristo, e cada um de nós é membro um do outro. 6.Temos dons diferentes, conforme a graça que nos foi conferida. Aquele que tem o dom da profecia, exerça-o conforme a fé. 7.Aquele que é chamado ao ministério, dedique-se ao ministério. Se tem o dom de ensinar, que ensine; 8.o dom de exortar, que exorte; aquele que distribui as esmolas, faça-o com simplicidade; aquele que preside, presida com zelo; aquele que exerce a misericórdia, que o faça com afabilidade. 9.Que vossa caridade não seja fingida. Aborrecei o mal, apegai-vos solidamente ao bem. 10.Amai-vos mutuamente com afeição terna e fraternal. Adiantai-vos em honrar uns aos outros. 11.Não relaxeis o vosso zelo. Sede fervorosos de espírito. Servi ao Senhor. 12.Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração. 13.Socorrei às necessidades dos fiéis. Esmerai-vos na prática da hospitalidade. 14.Abençoai os que vos perseguem; abençoai-os, e não os praguejeis. 15.Alegrai-vos com os que se alegram; chorai com os que choram. 16.Vivei em boa harmonia uns com os outros. Não vos deixeis levar pelo gosto das grandezas; afeiçoai-vos com as coisas modestas. Não sejais sábios aos vossos próprios olhos. 17.Não pagueis a ninguém o mal com o mal. Aplicai-vos a fazer o bem diante de todos os homens. 18.Se for possível, quanto depender de vós, vivei em paz com todos os homens. 19.Não vos vingueis uns dos outros, caríssimos, mas deixai agir a ira de Deus, porque está escrito: A mim a vingança; a mim exercer a justiça, diz o Senhor (Dt 32,35). 20.Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber. Procedendo assim, amontoarás carvões em brasa sobre a sua cabeça (Pr 25,21s).* 21.Não te deixes vencer pelo mal, mas triunfa do mal com o bem.