Continuando o nosso desafio, iremos meditar a segunda carta de São Pedro. Na carta Pedro fala sobre as virtudes cristãs e como elas nos ajudam a participar da natureza divina e nos afastar da corrupção do mundo. Ele encoraja os leitores a fortalecerem sua fé com virtude, conhecimento, temperança, paciência, piedade, amor fraterno e caridade. Pedro adverte sobre a presença de falsos doutores e profetas falsos, que introduzem ensinamentos perniciosos e atrairão a ruína sobre si mesmos. Pedro também fala sobre a segunda vinda de Jesus Cristo e a importância de viver uma vida santa e piedosa enquanto esperamos por esse dia. Faça a leitura de preferencia em sua Bíblia dos capítulos 1, 2 e 3 da segunda carta de São Pedro (II Pd).
II Pedro
Saudação
1. 1.Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, àqueles que, pela justiça de nosso Deus e do Salvador Jesus Cristo, alcançaram por partilha uma fé tão preciosa como a nossa, 2.graça e paz vos sejam dadas em abundância por um profundo conhecimento de Deus e de Jesus, nosso Senhor!
As virtudes cristãs
3.O poder divino deu-nos tudo o que contribui para a vida e a piedade, fazendo-nos conhecer aquele que nos chamou por sua glória e sua virtude. 4.Por elas, temos entrado na posse das maiores e mais preciosas promessas, a fim de tornar-vos por esse meio participantes da natureza divina, subtraindo-vos à corrupção que a concupiscência gerou no mundo. 5.Por esses motivos, esforçai-vos quanto possível por unir à vossa fé a virtude, à virtude a ciência, 6.à ciência a temperança, à temperança a paciência, à paciência a piedade, 7.à piedade o amor fraterno e ao amor fraterno a caridade. 8.Se essas virtudes se acharem em vós abundantemente, elas não vos deixarão inativos nem infrutuosos no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. 9.Porque quem não tiver essas coisas é míope, cego: esqueceu-se da purificação dos seus antigos pecados. 10.Portanto, irmãos, cuidai cada vez mais em assegurar a vossa vocação e eleição. Procedendo desse modo, não tropeçareis jamais. 11.Assim vos será aberta largamente a entrada no Reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. 12.Eis por que não cessarei de vos trazer à memória essas coisas, embora estejais instruídos e confirmados na presente verdade. 13.Tenho por meu dever, enquanto estiver neste tabernáculo, de manter-vos vigilantes com minhas admoestações. 14.Porque sei que em breve terei de deixá-lo, assim como nosso Senhor Jesus Cristo me fez conhecer. 15.Mas cuidarei para que, ainda depois do meu falecimento, possais conservar sempre a lembrança dessas coisas.
Garantia da doutrina apostólica
16.Na realidade, não é baseando-nos em hábeis fábulas imaginadas que nós vos temos feito conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, mas por termos visto a sua majestade com nossos próprios olhos. 17.Porque ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando do seio da glória magnífica lhe foi dirigida esta voz: “Este é o meu Filho muito amado, em quem tenho posto todo o meu afeto”. 18.Essa mesma voz que vinha do céu nós a ouvimos, quando estávamos com ele no monte santo. 19.Assim demos ainda maior crédito à palavra dos profetas, à qual fazeis bem em atender, como a uma lâmpada que brilha em um lugar tenebroso até que desponte o dia e a estrela da manhã se levante em vossos corações. 20.Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal.* 21.Porque jamais uma profecia foi proferida por efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus.
Falsos doutores e seus embustes
2. 1.Assim como houve entre o povo falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos doutores, que introduzirão disfarçadamente seitas perniciosas. Eles, renegando assim o Senhor que os resgatou, atrairão sobre si uma ruína repentina. 2.Muitos os seguirão nas suas desordens e serão desse modo a causa de o caminho da verdade ser caluniado. 3.Movidos por cobiça, eles vos hão de explorar por palavras cheias de astúcia. Há muito tempo a condenação os ameaça, e a sua ruína não dorme. 4.Pois se Deus não poupou os anjos que pecaram, mas os precipitou nos abismos tenebrosos do inferno onde os reserva para o julgamento; 5.se não poupou o mundo antigo, e só preservou oito pessoas, dentre as quais Noé, esse pregador da justiça, quando desencadeou o dilúvio sobre um mundo de ímpios; 6.se condenou à destruição e reduziu a cinzas as cidades de Sodoma e Gomorra para servir de exemplo para os ímpios do porvir; 7.se, enfim, livrou o justo Ló, revoltado com a vida dissoluta daquela gente perversa 8.(esse justo que habitava no meio deles sentia cada dia atormentada sua alma virtuosa, pelo que via e ouvia dos seus procedimentos infames), 9.é porque o Senhor sabe livrar das provações os homens piedosos e reservar os ímpios para serem castigados no dia do juízo, 10.principalmente aqueles que correm com desejos impuros atrás dos prazeres da carne e desprezam a autoridade. Audaciosos, arrogantes, não temem falar injuriosamente das glórias,* 11.embora os anjos, superiores em força e poder, não pronunciem contra elas, aos olhos do Senhor, o julgamento injurioso. 12.Mas estes, quais brutos destinados pela Lei natural para a presa e para a perdição, injuriam o que ignoram, e assim da mesma forma perecerão. Esse será o salário de sua iniquidade. 13.Encontram as suas delícias em se entregar em pleno dia às suas libertinagens. Homens pervertidos e imundos, sentem prazer em enganar, enquanto se banqueteiam convosco. 14.Têm os olhos cheios de adultério e são insaciáveis no pecar. Seduzem pelos seus atrativos as almas inconstantes; têm o coração acostumado à cobiça; são filhos da maldição. 15.Deixaram o caminho reto, para se extraviarem no caminho de Balaão, filho de Bosor, que amou o salário da iniquidade. 16.Mas foi repreendido pela sua desobediência: um animal mudo, falando com voz humana, refreou a loucura do profeta. 17.Estes são fontes sem água e nuvens agitadas por turbilhões, destinados à profundeza das trevas. 18.Com palavras tão vãs quanto enganadoras, atraem pelas paixões carnais e pela devassidão aqueles que mal acabam de escapar dos homens que vivem no erro. 19.Prometem-lhes a liberdade, quando eles mesmos são escravos da corrupção, pois o homem é feito escravo daquele que o venceu. 20.Com efeito, se aqueles que renunciaram às corrupções do mundo pelo conhecimento de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, nelas se deixam de novo enredar e vencer, seu último estado torna-se pior do que o primeiro. 21.Melhor fora não terem conhecido o caminho da justiça do que, depois de tê-lo conhecido, tornarem atrás, abandonando a Lei santa que lhes foi ensinada. 22.Aconteceu-lhes o que diz com razão o provérbio: O cão voltou ao seu vômito (Pr 26,11); e: A porca lavada volta a revolver-se no lamaçal.
A segunda vinda de Jesus Cristo
3. 1.Caríssimos, esta é a segunda carta que vos escrevo. Tanto numa como noutra, apelo às vossas recordações para despertar em vós uma sã compreensão, 2.e para vos lembrar as predições dos santos profetas, bem como o mandamento de nosso Senhor e Salvador, ensinado por vossos apóstolos. 3.Sabei, antes de tudo, o seguinte: nos últimos tempos virão escarnecedores cheios de zombaria, que viverão segundo as suas próprias concupiscências. 4.Eles dirão: “Onde está a promessa de sua vinda? Desde que nossos pais morreram, tudo continua como desde o princípio do mundo”.* 5.Esquecem-se propositadamente que desde o princípio existiam os céus e igualmente uma terra que a Palavra de Deus fizera surgir do seio das águas, no meio da água,* 6.e desse modo o mundo de então perecia afogado na água. 7.Mas os céus e a terra que agora existem são guardados pela mesma palavra divina e reservados para o fogo no dia do juízo e da perdição dos ímpios. 8.Mas há uma coisa, caríssimos, de que não vos deveis esquecer: um dia diante do Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia. 9.O Senhor não retarda o cumprimento de sua promessa, como alguns pensam, mas usa da paciência para convosco. Não quer que alguém pereça; ao contrário, quer que todos se arrependam. 10.Entretanto, virá o dia do Senhor como ladrão. Naquele dia, os céus passarão com ruído, os elementos abrasados se dissolverão, e será consumida a terra com todas as obras que ela contém. 11.Uma vez que todas essas coisas se hão de desagregar, considerai qual deve ser a santidade de vossa vida e de vossa piedade, 12.enquanto esperais e apressais o dia de Deus, esse dia em que se hão de dissolver os céus inflamados e se hão de fundir os elementos abrasados! 13.Nós, porém, segundo sua promessa, esperamos novos céus e uma nova terra, nos quais habitará a justiça. 14.Portanto, caríssimos, esperando essas coisas, esforçai-vos em ser por ele achados sem mácula e irrepreensíveis na paz. 15.Reconhecei que a longa paciência de nosso Senhor vos é salutar, como também vosso caríssimo irmão Paulo vos escreveu, segundo o dom de sabedoria que lhe foi dado.* 16.É o que ele faz em todas as suas cartas, nas quais fala nesses assuntos. Nelas há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais Escrituras.* 17.Vós, pois, caríssimos, advertidos de antemão, tomai cuidado para que não caiais da vossa firmeza, levados pelo erro desses homens ímpios. 18.Mas crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele a glória, agora e eternamente.