Na continuação do nosso desafio , observamos nestes capítulos que o autor fala sobre diversos temas, como educação dos filhos, saúde física e mental, alegria, avareza e empréstimos. Ele destaca a importância de educar adequadamente os filhos e não mimá-los em excesso. Também enfatiza a necessidade de cuidar da saúde do corpo e da alma, valorizando um corpo saudável e uma alma em santidade. O autor menciona que é melhor ter uma vida com aflições e repouso eterno do que um definhamento sem fim. Além disso, destaca a importância de cultivar a alegria, não se entregando à tristeza. O autor também aborda a questão da avareza e a importância de usar moderadamente os recursos. Ele faz referência a um preceito do livro do Deuteronômio, relacionado à questão moral do empréstimo. Ele menciona que, às vezes, pode ser necessário emprestar a juros devido à condição constrangedora de quem pede emprestado. Faça a leitura de preferencia em sua Bíblia dos capítulos 29, 30, 31 e 32 do livro do Eclesiástico (Eclo).
Livro do Eclesiástico
Empréstimos
29. 1 Aquele que tem compaixão empresta com juros ao seu próximo; aquele que tem a mão generosa guarda os mandamentos. 2 Empresta a teu próximo quando ele estiver necessitado, e de teu lado, paga-lhe o que lhe deves, no tempo marcado. 3 Cumpre tua palavra e procede lealmente com ele, e acharás em toda ocasião o que te é necessário. 4 Muitos consideraram como um achado o que pediam emprestado, e causaram desgosto àqueles que os ajudaram. 5 Até que se tenha recebido, beija-se a mão de quem empresta; com voz humilde fazem-se promessas; 6 mas, chegando o tempo de restituir, pedem-se prazos; só se têm palavras pesarosas e queixas; e toma-se como pretexto (a dificuldade) da época. 7 Se o que pede emprestado pode restituir, nega-se a princípio. Restitui em seguida só a metade da quantia, e a considera como um lucro. 8 Se não tem meios para pagar, priva o que emprestou do seu dinheiro, e dele se faz gratuitamente um inimigo. 9 Ele o paga com ofensas e maldições, e paga com o mal o bem que recebeu. 10 Muitos não emprestam, não por maldade, mas por medo de serem injustamente iludidos. 11 Todavia, sê indulgente para com o miserável, e não o faças esmorecer depois da esmola. 12 Por causa do mandamento, socorre o pobre; e não o deixes ir com as mãos vazias na sua indigência. 13 Perde o teu dinheiro em favor de teu irmão e de teu amigo; não o escondas debaixo de uma pedrapara ficar perdido. 14 Gasta o teu tesouro segundo o preceito do Altíssimo, e isso te aproveitará mais do que o ouro. 15 Encerra a esmola no coração do pobre, e ela rogará por ti a fim de te preservar de todo o mal. 16 (16-18) Para combater o teu inimigo, ela será uma arma mais poderosa do que o escudo e a lança de um homem valente.
A fiança
19 O homem de bem responsabiliza-se pelo próximo; o homem sem pejo abandona-o a si próprio. 20 Não esqueças o benefício daquele que se responsabiliza por ti, pois ele arriscou a vida para te amparar. 21 O pecador e o impudico fogem de seu fiador; 22 o pecador atribui a si mesmo o benefício de quem por ele se responsabiliza, e com coração ingrato abandona o seu libertador. 23 Um homem se responsabiliza pelo seu próximo, e este, perdendo a vergonha, o abandonará. 24 Um mau penhor perdeu muitas pessoas que prosperavam, e as agitou como as ondas do mar; 25 por uma reviravolta das coisas, ele exilou muitos poderosos, que se tornaram peregrinos em terra estrangeira. 26 O pecador que transgride o mandamento do Senhor, comprometer-se-á a responder inoportunamente por outro; e aquele que tentar muitos empreendimentos não escapará do processo. 27 Ajuda o próximo conforme as tuas posses, e acautela-te para que não caias tu também.
Sobriedade e discrição
28 O principal para a vida do homem é a água, o pão, o vestuário e uma casa para ocultar a sua nudez. 29 Mais vale o que um pobre come sob um vigamento, do que um magnífico banquete em casa alheia para quem não tem domicílio. 30 Contenta-te com o pouco ou muito que tiveres e evitarás a censura de seres um estranho. 31 É uma vida miserável a daquele que vai de casa em casa; em toda parte onde se hospedar, não estará confiante, e não ousará abrir a boca. 32 Recebe-se com hospitalidade, dá-se de comer e de beber a ingratos; e, depois disso, ouvem-se palavras desagradáveis: 33 Vamos, intruso, prepara a mesa, e o que tens, dá-o de comer aos outros; 34 retira-te, por causa da homenagem que devo prestar aos meus amigos. Preciso de minha casa para nela receber meu irmão. 35 Eis coisas penosas para um homem sensato: ouvir censuras pela hospitalidade e pelo empréstimo que se fez.
Educação dos filhos
30. 1 Aquele que ama seu filho, castiga-o com freqüência, para que se alegre com isso mais tarde, e não tenha de bater à porta dos vizinhos. 2 Aquele que dá ensinamentos a seu filho será louvado por causa dele, e nele mesmo se gloriará entre seus amigos. 3 Aquele que educa o filho torna o seu inimigo invejoso, e entre seus amigos será honrado por causa dele. 4 O pai morre, e é como se não morresse, pois deixa depois de si um seu semelhante. 5 Durante sua vida viu seu filho e nele se alegrou; quando morrer, não ficará aflito; não terá de que se envergonhar perante seus adversários, 6 pois deixou em sua casa um defensor contra os inimigos, alguém que manifestará gratidão aos seus amigos. 7 Aquele que estraga seus filhos com mimos terá que lhes pensar as feridas; a cada palavra suas entranhas se comoverão. 8 Um cavalo indômito torna-se intratável; a criança entregue a si mesma torna-se temerária. 9 Adula o teu filho e ele te causará medo; brinca com ele e ele te causará desgosto. 10 Não te ponhas a rir com ele, para que não venhas a sofrer com isso, e não acabes rangendo os dentes. 11 Não lhe dês toda a liberdade na juventude, não feches os olhos às suas extravagâncias: 12 obriga-o a curvar a cabeça enquanto jovem, castiga-o com varas enquanto ainda é menino, para que não suceda endurecer-se e não queira mais acreditar em ti, e venha a ser um sofrimento para a tua alma. 13 Educa o teu filho, esforça-te (por instruí-lo), para que te não desonre com sua vida vergonhosa.
Saúde
14 Mais vale um pobre sadio e vigoroso, que um rico enfraquecido e atacado de doenças. 15 A saúde da alma na santidade e na justiça vale mais que o ouro e a prata. Um corpo robusto vale mais que imensas riquezas. 16 Não há maior riqueza que a saúde do corpo; não há prazer que se iguale à alegria do coração. 17 Mais vale a morte que uma vida na aflição; e o repouso eterno que um definhamento sem fim. 18 Bens escondidos em uma boca fechada são como preparativos de um festim colocados sobre um túmulo. 19 De que serve ao ídolo a oferenda que lhe fazem? Não pode nem comê-la nem lhe respirar o aroma. 20 Assim é aquele que o Senhor repele, e que carrega o castigo de seu pecado; 21 seus olhos vislumbram (o alimento) e ele suspira, assim como suspira o eunuco ao abraçar uma virgem.
Cultivar a alegria
22 Não entregues tua alma à tristeza, não atormentes a ti mesmo em teus pensamentos. 23 A alegria do coração é a vida do homem, e um inesgotável tesouro de santidade. A alegria do homem torna mais longa a sua vida. 24 Tem compaixão de tua alma, torna-te agradável a Deus, e sê firme; concentra teu coração na santidade, e afasta a tristeza para longe de ti, 25 pois a tristeza matou a muitos, e não há nela utilidade alguma. 26 A inveja e a ira abreviam os dias, e a inquietação acarreta a velhice antes do tempo. 27 Um coração bondoso e nobre banqueteia-se continuamente, pois seus banquetes são preparados com solicitude.
Infelicidade do avarento
31. 1 As vigílias para enriquecer ressecam a carne, as preocupações que elas trazem tiram o sono. 2 A inquietação pelo porvir perturba o sentido. Uma doença grave torna a alma moderada. 3 O rico trabalha para juntar riquezas; quando se entrega ao repouso, goza o fruto de seus haveres. 4 O pobre trabalha por não possuir com que viver, e, ao término da vida, tudo lhe falta. 5 Aquele que ama o ouro não estará isento de pecado; aquele que busca a corrupção será por ela cumulado. 6 O ouro abateu a muitos, e seus encantos os perderam. 7 O ouro é um obstáculo para aqueles que se lhe oferecem em sacrifício; infelizes daqueles que o buscam com ardor: ele fará perecer todos os insensatos. 8 Bem-aventurado o rico que foi achado sem mácula, que não correu atrás do ouro, que não colocou sua esperança no dinheiro e nos tesouros! 9 Quem é esse homem para que o felicitemos? Ele fez prodígios durante sua vida. 10 Àquele que foi tentado pelo ouro e foi encontrado perfeito, está reservada uma glória eterna: ele podia transgredir a lei e não a violou; ele podia fazer o mal e não o fez. 11 Por isso seus bens serão fortalecidos no Senhor, e toda a assembléia dos santos louvará suas esmolas.
Refeições e banquetes
12 Se estiveres sentado a uma mesa bem abastecida, não comeces abrindo a boca. 13 Não digas: Que abundância de iguarias há sobre ela! 14 Lembra-te de que um olhar maldoso é coisa funesta. 15 Que coisa há pior que o olho? É por isso que há de se desfazer em lágrimas. 16 Quando ele olhar, não sejas o primeiro a estender a mão, para que não cores, envergonhado pela tua cobiça. 17 Não comas demasiadamente num banquete. 18 Julga os desejos de teu próximo segundo os teus. 19 Serve-te como um homem sóbrio do que te é apresentado, para que não te tornes odioso, comendo muito. 20 Acaba de comer em primeiro lugar, por decoro, e evita todo excesso, para que não desgostes a ninguém. 21 Se tiveres tomado assento em meio de uma sociedade numerosa, não sejas o primeiro a estender a mão para o prato, nem sejas o primeiro a pedir de beber. 22 Não é um pouco de vinho suficiente para um homem bem-educado? Assim não terás sono pesado, e não sentirás dor. 23 A insônia, o mal-estar e as cólicas são o tributo do intemperante. 24 Para um homem sóbrio, um sono salutar; ele dorme até de manhã e sente-se bem. 25 Se tiveres sido obrigado a comer demais, levanta-te e vomita; isso te aliviará, e não te exporás à doença. 26 Ouve-me, meu filho, não me desprezes: reconhecerás no fim a veracidade de minhas palavras. 27 Em todas as tuas ações, sê diligente, e nenhuma doença te acometerá. 28 Muitos lábios abençoarão aquele que dá refeições com liberalidade; o testemunho prestado à honestidade dele é verídico. 29 Toda a cidade resmunga contra aquele que dá de comer com mesquinhez e o testemunho prestado à avareza dele é exato. 30 Não incites a beber aquele que ama o vinho, pois o vinho perdeu a muitos.
Vício da bebida
31 O fogo põe à prova a dureza do ferro: assim o vinho, bebido em excesso, revela o coração dos orgulhosos. 32 O vinho bebido sobriamente é como uma vida para os homens. Se o beberes moderadamente, serás sóbrio. 33 Que é a vida do homem a quem falta o vinho? 34 Que coisa tira a vida? A morte. 35 No princípio o vinho foi criado para a alegria não para a embriaguez. 36 O vinho, bebido moderadamente, é a alegria da alma e do coração. 37 A sobriedade no beber é a saúde da alma e do corpo. 38 O excesso na bebida causa irritação, cólera e numerosas catástrofes. 39 O vinho, bebido em demasia, é a aflição da alma. 40 A embriaguez inspira a ousadia e faz pecar o insensato; abafa as forças e causa feridas. 41 Não repreendas o próximo durante uma refeição regada a vinho; não o trates com desprezo enquanto ele se entrega à alegria. 42 Não lhe faças censuras, não o atormentes, reclamando o que te é devido.
32. 1 Fizeram-te rei (do festim)? Não te envaideças com isso. Sê no meio dos outros como qualquer um deles. 2 Ocupa-te com eles e em seguida senta-te. Não tomes lugar à mesa, senão após cumpridos os teus deveres, 3 assim te regozijarás por causa deles. Receberás a coroa como um gracioso adorno, e ganharás a consideração dos convivas. 4 Tu, mais idoso, fala, pois convém 5 que sejas o primeiro a falar, com séria competência. Mas não perturbes a música, 6 nem te alongues em discursos, onde não há quem os ouça. Não te engrandeças sem propósito por causa de tua sabedoria. 7 Como uma pedra de rubi engastada no ouro, assim é a música no meio de uma refeição regada a vinho. 8 Como um sinete de esmeraldas engastadas em ouro, assim é um grupo de músicos no meio de uma alegre e moderada libação. 9 Ouve em silêncio, e tua modéstia provocará a benevolência. 10 Jovem, fala muito pouco de teus assuntos privados. 11 Se fores duas vezes interrogado, que tua resposta seja concisa. 12 Em muitas coisas, porta-te como se as ignorasses; ouve em silêncio e pergunta. 13 No meio dos poderosos, não tomes muitas liberdades; não fales muito onde houver anciãos: 14 vê-se o relâmpago antes de se ouvir o estalido, a graça precede o rubor da modéstia. Pelo teu recato serás benquisto. 15 Uma vez chegada a hora de se levantar, não te demores; sê o primeiro a correr para casa, onde te regozijarás com os divertimentos. 16 Faze o que te aprouver, porém sem pecado e sem orgulho. 17 E em tudo isso glorifica o Senhor que te criou, e que te cumula de todos os seus bens.
Temor de Deus
18 Aquele que teme o Senhor aceitará sua doutrina, aqueles que vigiam para procurá-lo serão por ele abençoados. 19 Aquele que busca a lei, por ela será cumulado. Aquele, porém, que procede com falsidade, nela achará ocasião de pecado. 20 Aqueles que temem o Senhor terão um juízo reto, e farão brilhar como uma tocha a sua justiça. 21 O pecador foge da censura, e encontra precedentes segundo o seu desejo. 22 O homem prudente não perde ocasião alguma para instruir-se, e o estranho ou o orgulhoso não tem nenhum temor; 23 mesmo quando age sozinho e sem conselheiro, ele será castigado pelos seus próprios desígnios. 24 Meu filho, nada faças sem conselho, e não te arrependerás depois de teres agido. 25 Não te embrenhes num caminho de perdição e não tropeçarás nas pedras. Não te metas num caminho escabroso, para não pores diante de ti uma pedra de tropeço. 26 Previne-te contra teus filhos, sê prudente em presença de teus familiares. 27 Em tudo o que fizeres, age com segurança, pois isso é guardar os mandamentos. 28 Aquele que crê em Deus atende ao que ele manda. Aquele que põe sua confiança nele, não será atingido.