Hoje iniciamos a leitura do livro de Tobias e logo no primeiro capítulo vamos evidenciar o chamado velho Tobit que tem uma vida exemplar, um homem muito justo, ele era tão justo que mesmo diante das realidades idolatras que observamos no reino do Norte, o reino de Israel, ele abandonava pela realidade idolátrica e ia para Jerusalém para adorar o verdadeiro Deus, Jerusalém ficava justamente no reino do Sul no reino, reino de Judá, ele tinha em mente toda esta realidade, ele mesmo ia sepultar os mortos como uma verdadeira realidade de caridade, diante desta realidade do sepultamento aos mortos assumiu, ele acaba sendo criticado até por seus vizinhos, porém em um determinado desses momentos em que está sepultando os mortos por conta do cansaço físico ele adormece e fica cego por causa das fezes de uma andorinha que caiu nos seus olhos ele acaba ficando cego. Vamos notar ainda que Tobit ante esta cegueira se volta para Deus com fé, inspirando, em meio as suas lágrimas e põe-se a orar; vós sois justo Senhor, vosso juízo são cheios de equidade, vossa conduta é toda misericórdia; verdade e justiça, lembrai-vos pois de mim Senhor, não me castigueis por meus pecados e não guardeis a memória de minhas ofensas, nem da de meus antepassados. Vamos observar também Sara, que diante da sua aflição eleva ao Senhor a sua oração; Deus de nossos pais, que vosso nome seja bendito, vós que depois de vos irardes, os age com misericórdia e no meio da tribulação perdoais os pecados aos que vos invocam, volto-me para a voz, ao Senhor para vós levanta os meus olhos, sabeis que eu nunca desejei homem algum e que guardei minha alma de todo mal desejo. Notamos que estas duas orações foram ouvidas ao mesmo tempo diante da Glória do Deus altíssimo e um santo arcanjo do Senhor, Rafael foi enviado para curar tanto o velho Tobit quanto Sara. Faça a leitura de preferencia em sua Bíblia dos capítulos 1, 2 e 3 do livro de Tobias (Tb).
Livro de Tobias
Vida exemplar de Tobit, pai de Tobias
1. 1.Tobit, da tribo e da cidade de Neftali (situada na Galileia superior, acima de Naasson, atrás do caminho do ocidente, tendo à esquerda a cidade de Sefet), 2.foi levado para o cativeiro no tempo de Salmanasar, rei dos assírios. Embora cativo, ele não abandonou o caminho da verdade. 3.Tudo aquilo de que podia dispor distribuía cada dia a seus irmãos de raça, que partilhavam com ele sua sorte de cativo. 4.Embora fosse ele o mais jovem da tribo de Neftali, seu proceder nada tinha de pueril. 5.Por isso, enquanto todos eles iam adorar os bezerros de ouro que o rei de Israel, Jeroboão, tinha feito, só ele fugia da companhia de todos e 6.dirigia-se ao Templo do Senhor em Jerusalém, onde adorava o Senhor, Deus de Israel, oferecendo fielmente as primícias e os dízimos de todos os seus bens. 7.De três em três anos, dava aos prosélitos e aos estrangeiros todo o seu dízimo. 8.Esta e outras práticas semelhantes da Lei de Deus, tinha observado desde a sua infância. 9.Quando se tornou adulto, desposou uma mulher de sua tribo, chamada Ana, da qual teve um filho, a quem deu o nome de Tobias. 10.Ensinou-lhe desde a sua mais tenra idade a temer a Deus e a se abster de todo pecado. 11.Desse modo, quando chegou com sua mulher e seu filho, como cativo, no meio de sua tribo, à cidade de Nínive, 12.embora todos os outros comessem dos alimentos dos pagãos, guardou sua alma pura e jamais contraiu mancha alguma com seus alimentos. 13.E porque ele conservava com todo o seu coração a lembrança de Deus, Deus tornou-o simpático ao rei Salmanasar, 14.que o autorizou a ir aonde quisesse e a fazer o que quer que lhe agradasse. 15.Ele ia, pois, visitar todos os deportados e dava-lhes conselhos salutares. 16.Foi um dia a Ragés, cidade da Média, com dez talentos de prata que o rei lhe tinha dado.* 17.Encontrando entre a multidão dos seus compatriotas um homem de sua tribo, chamado Gabael, o qual se achava em dificuldades, deu-lhe a sobredita quantia de prata, mediante um recibo. 18.Passou o tempo. Salmanasar morreu e Senaquerib, seu filho, sucedeu-lhe no trono. Ora, Senaquerib odiava os israelitas. 19.Tobit ia diariamente visitar toda a sua parentela, consolava-a e distribuía dos seus bens a cada um, segundo as suas posses. 20.Alimentava os famintos, vestia os nus e, com uma solicitude toda particular, sepultava os defuntos e os que tinham sido mortos. 21.Quando o rei Senaquerib, fugindo da Judeia ao castigo com que Deus o ferira por suas blasfêmias, mandou assassinar, na sua ira, um grande número de israelitas. Tobit sepultou os seus cadáveres.* 22.Denunciaram-no ao rei, que o mandou matar e confiscou todos os seus bens. 23.Tobit, porém, despojado de tudo, fugiu com seu filho e sua mulher e, como tinha muitos amigos, conseguiu permanecer oculto. 24.Ora, quarenta e cinco dias depois, o rei foi assassinado por seus filhos, 25.e Tobit voltou para a sua casa; e foram-lhe restituídos todos os seus bens.*
Tobit fica cego
2. 1.Algum tempo depois, em um dia de festa religiosa, foi preparado um grande banquete na casa de Tobit. 2.Ele disse então ao seu filho: “Vai buscar alguns homens piedosos de nossa tribo para comerem conosco”. 3.Ele saiu, mas logo voltou, anunciando ao pai que um dos filhos de Israel jazia degolado na praça. Tobit levantou-se imediatamente da mesa, sem nada haver comido e foi aonde estava o cadáver. 4.Tomou-o e levou-o clandestinamente para a sua casa, a fim de sepultá-lo com cuidado depois do sol posto. 5.Tendo escondido o cadáver, começou a comer com pranto e tremor, 6.lembrando-se do oráculo que o Senhor tinha pronunciado pela boca do profeta Amós: “Converterei vossas festas em luto, e vossos cânticos em elegias fúnebres” (Am 8,10a). 7.Quando o sol se pôs, ele foi e o sepultou. 8.Seus vizinhos criticavam-no unanimemente, dizendo: “Já uma vez ordenaram que te matassem, precisamente por isso e mal escapaste dessa sentença de morte, recomeças a enterrar os cadáveres!”. 9.Mas Tobit temia mais a Deus que ao rei e continuava a levar para a sua casa os corpos daqueles que eram assassinados, onde os escondia e os inumava durante a noite. 10.Ora, aconteceu que um dia, cansado desse trabalho, foi para a sua casa e deitou-se junto à parede onde adormeceu. 11.Enquanto dormia, caiu-lhe, de um ninho de andorinhas, esterco quente nos olhos e ele tornou-se cego. 12.Deus permitiu que lhe acontecesse essa prova, para que a sua paciência, como a do santo homem Jó, servisse de exemplo à posteridade. 13.Como havia sempre temido a Deus, desde a sua infância e guardado seus mandamentos, ele não se afligiu (nem murmurou) contra Deus por ter sido atingido pela cegueira. 14.Mas perseverou firme no temor de Deus e continuou a dar-lhe graças em todos os dias de sua vida. 15.Assim como o bem-aventurado Jó foi insultado por outros chefes, assim seus parentes e amigos escarneciam de seu comportamento: 16.“Onde está – diziam eles – essa esperança por cujo amor deste esmolas e sepultaste os mortos?”. 17.Porém, Tobit repreendia-os, dizendo: “Não faleis assim; 18.somos filhos dos santos (patriarcas) e esperamos aquela vida que Deus há de dar aos que não perdem jamais a sua confiança nele”.* 19.Ora, Ana, sua mulher, ia todos os dias tecer e trazia o que ela ganhava com o trabalho de suas mãos. 20.Foi assim que, tendo trazido para casa um cabrito que recebera (como gratificação), 21.seu marido ouviu-o balir e disse: “Vê que ele não tenha sido roubado; restitui-o ao seu proprietário, porque não nos é permitido comer e nem mesmo tocar, o que foi roubado”. 22.Ao que lhe respondeu sua mulher com indignação: “Tua esperança é manifestamente vã; agora tuas esmolas mostram bem o que valem!”. Com essas e outras palavras semelhantes ela censurava-o duramente.
3. 1.Tobit, então, suspirando em meio de suas lágrimas, pôs-se a orar: 2.“Vós sois justo, Senhor! Vossos juízos são cheios de equidade e vossa conduta é toda misericórdia, verdade e justiça. 3.Lembrai-vos, pois, de mim, Senhor! Não me castigueis por meus pecados e não guardeis a memória de minhas ofensas, nem das de meus antepassados. 4.Se fomos entregues à pilhagem, ao cativeiro e à morte e se nos temos tornado objeto de mofa e de riso para os pagãos entre os quais nos dispersastes, é porque não obedecemos às vossas leis. 5.Agora os vossos castigos são grandes, porque não procedemos segundo os vossos preceitos e temos sido leais para convosco. 6.Tratai-me, pois, ó Senhor, como vos aprouver; mas recebei a minha alma em paz, porque me é melhor morrer que viver”.
Prece de Sara
7.Aconteceu que, precisamente naquele dia, Sara, filha de Raguel, em Ecbátana, na Média, teve também de suportar os ultrajes de uma serva de seu pai. 8.Ela tinha sido dada sucessivamente a sete maridos. Mas logo que eles se aproximavam dela, um demônio chamado Asmodeu os matava.* 9.Tendo Sara repreendido a jovem criada por alguma falta, esta respondeu-lhe: “Não vejamos jamais filho nem filha nascidos de ti sobre a terra! Foste tu que assassinaste os teus maridos. 10.Queres, porventura, matar-me, como mataste todos os sete?”. Ouvindo isso, Sara subiu ao seu quarto e lá ficou três dias completos, sem comer nem beber. 11.E, orando com fervor, ela suplicava a Deus, chorando, que a livrasse dessa humilhação. 12.Ao terceiro dia, acabou sua oração, bendizendo o Senhor desta forma: 13.“Deus de nossos pais, que vosso nome seja bendito. Vós, que depois de vos irardes, usais de misericórdia e no meio da tribulação perdoais os pecados aos que vos invocam. 14.Volto-me para vós, ó Senhor, para vós levanto os meus olhos. 15.Rogo-vos, Senhor, que me livreis dos laços deste opróbrio, ou então que me tireis de sobre a terra! 16.Vós sabeis que eu nunca desejei homem algum e que guardei minha alma pura de todo o mau desejo. 17.Nunca frequentei lugares de prazer nem tive comércio com pessoas levianas. 18.E se consenti em casar-me, foi por vosso temor e não por paixão. 19.Foi, sem dúvida, porque eu não era digna deles; ou, talvez, não eram eles dignos de mim; ou, então, me destinastes a outro homem. 20.Não está nas mãos do homem penetrar os vossos desígnios. 21.Mas todo aquele que vos honra tem a certeza de que sua vida, se for provada, será coroada; que depois da tribulação haverá a libertação e que, se houver castigo, haverá também acesso à vossa misericórdia. 22.Porque vós não vos comprazeis em nossa perda: após a tempestade, mandais a bonança; depois das lágrimas e dos gemidos, derramais a alegria. 23.Ó Deus de Israel, que o vosso nome seja eternamente bendito!”. 24.Essas duas orações foram ouvidas ao mesmo tempo, diante da glória do Deus Altíssimo; 25.e um santo anjo do Senhor, Rafael, foi enviado para curar Tobit e Sara, cujas preces tinham sido simultaneamente dirigidas ao Senhor.*