Iniciamos hoje a leitura do primeiro livro dos Macabeus, e já neste inicio vamos evidenciar a narrativa em que Alexandre Magno, o grande imperador grego, diante de toda aquela região da Pérsia, e por consequência acaba conquistando também aquela área ligada Palestina, a região de Jerusalém de Judá, desde toda aquela área do Egito até a Índia, tudo aquilo é conquistado por Alexandre e agora os judeus estarão diante do domínio do império grego, onde aconteceram perseguições e inclusive muitos judeus foram martirizados por causa da sua fé, da sua religião. Faça a leitura de preferencia em sua Bíblia dos capítulos 1, 2 e 3 do primeiro livro dos Macabeus (1Mc).
Primeiro Livro dos Macabeus
Constituição histórica
1. 1.Ora, aconteceu que, já senhor da Grécia, Alexandre, filho de Filipe da Macedônia, oriundo da terra de Cetim, derrotou Dario, rei dos persas e dos medos, e reinou em seu lugar. 2.Empreendeu inúmeras guerras, apoderou-se de muitas cidades e matou vários reis da região. 3.Avançou até os confins da terra e apoderou-se dos despojos de uma multidão de nações. A terra calou-se diante dele. Tornando-se altivo, seu coração ensoberbeceu-se. 4.Reuniu um imenso exército, 5.impôs seu poderio aos países, às nações e reis, e todos se tornaram seus tributários. 6.Mas, em seguida, adoeceu e viu que a morte se aproximava. 7.Convocou então os mais considerados dentre os seus cortesãos, companheiros desde sua juventude, e, ainda em vida, repartiu entre eles o império. 8.Alexandre reinou durante doze anos, e morreu. 9.Seus oficiais exerceram o poder, cada qual em seu próprio reino. 10.Puseram todos o diadema depois de sua morte e, após eles, seus filhos durante muitos anos. E males em quantidade multiplicaram-se sobre a terra.
Perseguição aos judeus
11.Desses reis originou-se uma raiz de pecado: Antíoco Epífanes, filho do rei Antíoco, que havia estado em Roma como refém e que reinou no ano cento e trinta e sete do reino dos gregos.* 12.Nessa época, saíram também de Israel uns filhos perversos que seduziram a muitos outros, dizendo: “Vamos e façamos uma aliança com os povos que nos cercam, porque, desde que nos separamos deles, caímos em infortúnios sem conta”. 13.Semelhante linguagem pareceu-lhes boa 14.e houve entre o povo quem se apressasse a ir ter com o rei, o qual concedeu a licença de adotarem os costumes pagãos. 15.Edificaram em Jerusalém um ginásio, como os gentios. Dissimularam os sinais da circuncisão e afastaram-se da aliança com Deus para se unirem aos gentios. E se venderam para praticar o mal. 16.Quando seu reino lhe pareceu bem consolidado, concebeu Antíoco o desejo de conquistar também o Egito, a fim de reinar sobre dois reinos. 17.Invadiu, pois, o Egito com um poderoso exército, com carros, elefantes, cavaleiros e uma numerosa esquadra. 18.Investiu contra Ptolomeu, rei do Egito, o qual, tomado de pânico, fugiu. Foram muitos os que sucumbiram sob seus golpes. 19.Tornou-se ele senhor das fortalezas do Egito e apoderou-se das riquezas do país. 20.Após ter derrotado o Egito, pelo ano cento e quarenta e três, regressou Antíoco e atacou Israel, subindo a Jerusalém com um enorme exército. 21.Entrou com arrogância no santuário, tomou o altar de ouro, o candelabro da luz com todos os seus acessórios, 22.a mesa da proposição, os vasos, as alfaias, os turíbulos de ouro, o véu, as coroas, os ornamentos de ouro da fachada e arrancou todo o revestimento. 23.Tomou a prata, o ouro, os vasos preciosos e os tesouros ocultos que encontrou. 24.Arrebatando tudo consigo, regressou à sua terra, após massacrar muitos judeus e pronunciar palavras injuriosas. 25.Foi isso um motivo de desolação em extremo para todo o Israel. 26.Príncipes e anciãos gemeram, jovens e moças perderam sua alegria e murchou a beleza das mulheres. 27.O recém-casado lamentava-se e a esposa chorava no leito nupcial. 28.A própria terra tremia por todos os seus habitantes e a casa de Jacó cobriu-se de vergonha. 29.Dois anos após, Antíoco enviou um oficial a cobrar o tributo nas cidades de Judá. Chegou ele a Jerusalém com uma numerosa tropa.* 30.Dirigiu-se aos habitantes com palavras pacíficas, mas astuciosas, nas quais acreditaram. Em seguida, lançou-se de improviso sobre a cidade, pilhou-a seriamente e matou muita gente de Israel. 31.Saqueou-a, incendiou-a, destruiu as casas e os muros em derredor. 32.Seus soldados conduziram ao cativeiro as mulheres e as crianças e apoderaram-se do gado. 33.Cercaram a Cidade de Davi com uma extensa e sólida muralha, com possantes torres, tornando-a sua fortaleza.* 34.Instalaram ali uma guarnição brutal de gente sem leis, e se fortificaram. 35.Ajuntaram armas e provisões. Reunindo todos os espólios do saque de Jerusalém, ali os acumularam. Constituíram-se desse modo em grande ameaça. 36.Serviram de cilada para o templo, um inimigo constantemente incitado contra o povo de Israel, 37.derramando sangue inocente ao redor do templo e profanando o santuário. 38.Por causa deles, os habitantes de Jerusalém fugiram, e só ficaram lá os estrangeiros. Jerusalém tornou-se estranha a seus próprios filhos e estes a abandonaram. 39.Seu templo ficou desolado como um deserto, seus dias de festa se transformaram em dias de luto, seus sábados, em dias de vergonha e sua glória em desonra. 40.Quanto fora ela honrada, agora foi desprezada e sua exaltação converteu-se em tormento. 41.Então, o rei Antíoco publicou para todo o reino um edito, prescrevendo que todos os povos formassem um único povo. 42.Cada um devia renunciar a seus costumes particulares. Todos os gentios se conformaram a essa ordem do rei, e 43.muitos de Israel adotaram a sua religião, sacrificando aos ídolos e violando o sábado. 44.Por intermédio de mensageiros, o rei enviou, a Jerusalém e às cidades de Judá, cartas prescrevendo que aceitassem os costumes dos outros povos da terra. 45.Deviam suprimir holocaustos, sacrifícios e libações no templo; violar os sábados e as festas; 46.profanar o santuário e os santos; 47.erigir altares, templos e ídolos; sacrificar porcos e outros animais impuros. 48.Deviam também deixar seus filhos incircuncidados e macular suas almas com toda sorte de impurezas e abominações, de maneira 49.a obrigarem-nos a esquecer a Lei e a transgredir as prescrições. 50.Todo aquele que não obedecesse à ordem do rei seria morto. 51.Foi nesse teor que o rei escreveu a todo o seu reino e nomeou comissários para vigiar o cumprimento de sua vontade pelo povo. Ordenou às cidades de Judá que oferecessem sacrifícios, cada uma por sua vez. 52.Houve muitos dentre o povo que colaboraram com eles e abandonaram a Lei. Fizeram muito mal no país e 53.constrangeram os israelitas a se refugiarem em asilos e refúgios ocultos. 54.No dia quinze do mês de Casleu, no ano cento e quarenta e cinco, Antíoco fez erigir a Abominação da desolação sobre o altar. Também construíram altares em todas as cidades vizinhas de Judá.* 55.Ofereciam sacrifícios diante das portas das casas e nas praças públicas. 56.Rasgavam e queimavam todos os livros da Lei que achavam. 57.Em toda parte, todo aquele em poder do qual fosse encontrado um livro do testamento, ou todo aquele que mostrasse gosto pela Lei, morreria por ordem do rei. 58.Com esse poder que tinham, tratavam assim, cada mês, os judeus que eles encontravam nas cidades. 59.No dia vinte e cinco de cada mês, sacrificavam no altar, que sobressaía ao altar do templo. 60.As mulheres, que levavam seus filhos a circuncidar eram mortas conforme a ordem do rei, 61.com os filhos suspensos ao pescoço. Massacravam-se também seus próximos e os que tinham feito a circuncisão. 62.Numerosos foram os israelitas que tomaram a firme resolução de não comer nada que fosse impuro. Preferiram a morte antes que se manchar com alimentos impuros; 63.não quiseram violar a santa lei e foram trucidados. 64.Caiu assim sobre Israel uma imensa cólera.
Rebelião dos Macabeus
2. 1.Foi nessa época que se levantou Matatias, filho de João, filho de Simeão, sacerdote da família de Joarib, que veio de Jerusalém se estabelecer em Modin.* 2.Tinha ele cinco filhos: João, apelidado Gadi; 3.Simão, alcunhado Tasi; 4.Judas, chamado Macabeu; 5.Eleazar, cognominado Auarã; e Jônatas, chamado Afus. 6.Vendo as abominações praticadas em Judá e em Jerusalém, exclamou: “Ai de mim! Por que nasci eu, para ver a ruína do meu povo e da cidade santa, 7.e ficar sem fazer nada, enquanto ela é entregue ao poder de seus inimigos 8.e seu santuário abandonado aos estrangeiros? Seu templo tornou-se como um homem desonrado 9.e os vasos sagrados, que eram o motivo de seu orgulho, levados como para um cativeiro; seus filhos foram trucidados nas ruas e seus jovens sucumbiram ao gládio do inimigo. 10.Que povo há que não tenha herdado de seus atributos reais, que não se tenha apoderado dos seus despojos? 11.Toda a sua glória desapareceu e, de livre que era, tornou-se escrava. 12.Eis que tudo o que tínhamos de sagrado, de belo, de glorioso, foi assolado e profanado pelas nações. 13.Por que viver ainda?”. 14.Matatias e seus filhos rasgaram suas vestes, cobriram-se de sacos e choraram amargamente. 15.Sobrevieram enviados do rei a Modin, para impor a apostasia e obrigar a sacrificar. 16.Muitos dos israelitas uniram-se a eles, mas Matatias e seus filhos permaneceram firmes. 17.Em resposta disseram-lhe os que vinham da parte do rei: “Possuis nesta cidade notável influência e consideração, teus irmãos e teus filhos te dão autoridade. 18.Vem, pois, como primeiro executar a ordem do rei, como o fizeram todas as nações, os habitantes de Judá e os que ficaram em Jerusalém. Serás contado, tu e teus filhos, entre os amigos do rei; a ti e aos teus filhos o rei vos honrará, cumulando-vos de prata, de ouro e de presentes!”. 19.Matatias respondeu-lhes: “Ainda mesmo que todas as nações que se acham no reino do rei o escutassem, de modo que todos renegassem a fé de seus pais e aquiescessem às suas ordens, 20.eu, meus filhos e meus irmãos perseveraremos na Aliança concluída por nossos antepassados. 21.Que Deus nos preserve de abandonarmos a Lei e os mandamentos. 22.Não obedeceremos a essas ordens do rei e não nos desviaremos de nossa religião nem para a direita nem para a esquerda!”. 23.Mal havia acabado de falar, eis que um judeu se adiantou para sacrificar no altar de Modin, à vista de todos, conforme as ordens do rei. 24.Viu-o Matatias e, no ardor de seu zelo, sentiu estremecerem-se suas entranhas. Num ímpeto de justa cólera arrojou-se e matou o homem sobre o altar. 25.Matou ao mesmo tempo o oficial incumbido da ordem de sacrificar e demoliu o altar. 26.Com semelhante gesto mostrou ele seu amor pela Lei, como agiu Fineias a respeito de Zambri, filho de Salom. 27.Em altos brados Matatias elevou a voz então na cidade: “Quem for fiel à Lei e permanecer firme na Aliança, saia e siga-me”. 28.Assim, com seus filhos, fugiu em direção às montanhas, abandonando todos os seus bens na cidade. 29.Então, uma grande parte dos que procuravam a Lei e a justiça encaminharam-se para o deserto. 30.Ali refugiaram-se, com seus filhos, suas mulheres e seus rebanhos, porque as desgraças os oprimiam cruelmente. 31.Contaram aos oficiais do rei e às forças acantonadas em Jerusalém, na Cidade de Davi, que certo número de judeus, culpáveis de terem transgredido a ordem real, havia descido ao deserto, para ali se ocultar e que muitos se haviam precipitado em seu seguimento. 32.Os sírios arremessaram-se ao encalço deles e os alcançaram, depois se prepararam para agredi-los em dia de sábado. 33.“Isso basta, agora – gritaram-lhes eles –, saí, obedecei à ordem do rei e vivereis.” 34.“Não sairemos –, replicaram os judeus – e não obedeceremos às ordens do rei, com a profanação do dia de sábado.” 35.Instantaneamente os sírios travaram combate contra eles; 36.mas eles não responderam, não atiraram uma só pedra e não obstruíram as entradas dos esconderijos. 37.“Que morramos todos inocentes. O céu e a terra nos servirão de testemunhas de que nos matais injustamente.” 38.E foi assim que os inimigos se lançaram sobre eles em dia de sábado. Eles morreram com suas esposas, seus filhos e seu rebanho. Eram cerca de mil pessoas. 39.Matatias e seus amigos o souberam e comoveram-se muito. 40.E disseram uns aos outros: “Se todos agirmos como nossos irmãos, se não pelejarmos contra os estrangeiros para pormos a salvo nossas vidas e nossas leis, nos exterminarão bem depressa da terra”. 41.Tomaram, pois, naquele dia a seguinte resolução: “Mesmo que nos ataquem em dia de sábado, lutaremos contra eles e não nos deixaremos matar a todos nós, como o fizeram nossos irmãos no seu esconderijo”. 42.Então, se ajuntou a eles o grupo dos judeus assideus, particularmente valentes em Israel, apegados à Lei;* 43.e todos os que fugiam das perseguições se ajuntaram do mesmo modo a eles e os reforçaram. 44.Formaram, pois, um exército e na sua ira e indignação massacraram certo número de prevaricadores e de traidores da Lei; os outros procuraram refúgio junto aos estrangeiros. 45.Assim, Matatias e seus amigos percorreram o país, destruíram os altares e 46.circuncidaram à força as crianças, ainda incircuncisas nas fronteiras de Israel 47.e perseguiram os sírios orgulhosos. Sua empresa alcançou bom êxito. 48.Arrancaram a Lei do poder dos gentios e dos reis e não permitiram que prevalecesse o mal. 49.Ora, chegou para Matatias o dia de sua morte e ele disse a seus filhos: “O que domina até este momento é o orgulho, o ódio, a desordem e a cólera. 50.Sede, pois, agora, meus filhos, os defensores da Lei e dai a vossa vida pela Aliança de nossos pais. 51.Recordai-vos dos feitos que vossos antepassados realizaram na época em que viveram, e merecereis grande glória e nome eterno. 52.Porventura, não foi na prova que Abraão permaneceu fiel? E não lhe foi isso imputado em justiça? 53.José observou os mandamentos na sua desgraça e veio a ser o senhor do Egito. 54.Fineias, nosso antepassado, por ter sido inflamado de zelo, recebeu a promessa de um sacerdócio perpétuo. 55.Josué, cumprindo a palavra de Deus, veio a ser juiz em Israel. 56.Caleb deu testemunho na assembleia e herdou a terra. 57.Por todos os séculos, em vista de sua piedade, mereceu Davi o trono real. 58.Porque ardia em zelo pela Lei, Elias foi arrebatado ao céu. 59.Ananias, Azarias e Misael foram salvos das chamas por terem tido fé. 60.Daniel, na sua retidão, foi salvo da boca dos leões. 61.Recordai-vos assim, de geração em geração, de que todos os que esperam em Deus não desfalecem. 62.Não temais as ameaças do pecador, pois sua glória acabará em lama e vermes. 63.Hoje ele se eleva e amanhã desaparecerá, porque tornará ao pó, e seus planos serão frustrados. 64.Quanto a vós, meus filhos, sede corajosos e destemidos em observar a Lei, porque por ela chegareis à glória. 65.Aqui tendes Simeão, vosso irmão. Sei que ele é homem de conselho, ouvi-o sempre e será para vós um pai. 66.Judas Macabeu, bravo desde a juventude, será o general do exército e dirigirá a guerra contra os gentios. 67.Atraireis a vós todos os que observam a Lei e vingareis vosso povo. 68.Pagai aos gentios o que nos fizeram e atendei aos preceitos da Lei”. 69.Depois disso, abençoou-os e foi unir-se a seus pais. 70.Morreu no ano cento e quarenta e seis. Seus filhos sepultaram-no em Modin, no túmulo de seus antepassados. Todo Israel o chorou dolorosamente.*
Judas Macabeu
3. 1.Seu filho Judas, cognominado Macabeu, ficou em seu lugar. 2.Todos os seus irmãos o auxiliaram, bem como todos os que se tinham unido a seu pai, aceitando generosamente a promessa de combater por Israel. 3.Aumentou a glória do povo; revestiu-se da couraça, como um gigante, cingiu-se com as armas da guerra e empenhou-se nos combates, protegendo seu exército com a espada. 4.Assemelhava-se nas suas ações a um leão, e parecia um leãozinho, que ruge na caçada. 5.Perseguiu e rebuscou com cuidado os traidores e lançou ao fogo os que perseguiam seu povo. 6.Os maus recuaram diante dele transidos de medo, tremeram os que praticaram o mal e a salvação do povo firmou-se em suas mãos. 7.Seus feitos exasperaram os reis, mas alegraram Jacó, e sua memória permaneceu eternamente abençoada. 8.Percorreu as cidades de Judá, expulsando os ímpios, desviando assim de Israel a cólera divina. 9.Seu nome foi pronunciado até as extremidades da terra, e ele conseguiu a adesão daqueles que estavam a ponto de perecer. 10.Aconteceu que Apolônio convocou os gentios e, de Samaria, partiu com um grande exército para combater Israel. 11.Soube-o Judas, saiu-lhe ao encontro, venceu-o e o matou. Muitos caíram aos seus golpes e os restantes puseram-se em fuga. 12.Apoderou-se dos espólios, tomou a espada de Apolônio e desde então usava-a sempre nos combates. 13.Seron, general do exército sírio, veio a saber que Judas cercara-se de soldados fiéis convocados e que ele os levara ao combate. 14.“Vou tornar-me célebre – disse ele –, e cobrir-me de glória no reino. Vencerei Judas e suas tropas que se opõem às ordens do rei.” 15.Armou-se ele para a guerra. Um poderoso exército de ímpios marchou com ele, para reforçar e tomar vingança dos filhos de Israel. 16.Avançaram até a muralha de Bet-Horon e Judas, seguido de poucos homens, foi-lhe ao encontro. 17.Mas, à vista do exército que vinha contra eles, os companheiros de Judas disseram-lhe: “Como poderemos enfrentar tamanho exército, se somos tão poucos, tanto mais que nos sentimos fracos, porque hoje nada temos comido?”. 18.“É fácil – respondeu Judas – a um punhado de gente fazer-se respeitar por muitos. Para o Deus do céu não há diferença entre a salvação de uma multidão e a de um punhado de homens, 19.porque a vitória no combate não depende do número, mas da força que desce do céu. 20.Essa gente vem contra nós, com insolência e orgulho, para nos aniquilar, juntamente com nossas mulheres e nossos filhos, e para nos despojar. 21.Nós, porém, lutamos por nossas vidas e nossas leis. 22.O próprio Deus os esmagará aos nossos olhos. Não os temais.” 23.E logo que cessara de falar, arrojou-se Judas com rapidez sobre os inimigos. Seron diante dele foi derrotado com seu exército. 24.Judas o perseguiu na descida de Bet-Horon até a planície. Morreram cerca de oitocentos sírios e os restantes fugiram para a terra dos filisteus. 25.E foi assim que se espalhou o terror de Judas e seus irmãos, e todos os povos das vizinhanças encheram-se de consternação. 26.Sua fama chegou aos ouvidos do rei. E todas as nações comentaram os feitos heroicos de Judas.
Judas, vencedor em Emaus
27.Quando o rei Antíoco soube dessas novas, encolerizou-se terrivelmente e reuniu todas as forças do reino, formando um exército poderosíssimo. 28.Abriu o tesouro e deu ao exército o soldo de um ano com a ordem de estarem prontos para qualquer eventualidade. 29.No entanto, viu que lhe faltava dinheiro no tesouro e que os tributos do território eram deficientes em vista das perturbações e da maldade que havia provocado, suprimindo em toda a parte as instituições em vigor desde outrora. 30.Temeu, portanto, não poder pagar as despesas, como fizera já uma ou duas vezes, e outorgar as liberalidades, que distribuía em certo tempo com mão generosa, porque excedia em liberalidade a todos os reis, seus predecessores. 31.Profundamente consternado, resolveu ir à Pérsia cobrar os tributos dessas regiões e recolher muito dinheiro. 32.Deixou Lísias, pessoa de relevo, de linhagem real, para dirigir os negócios do reino, desde o rio Eufrates até as fronteiras do Egito, 33.e ocupar-se, até sua volta, de seu filho Antíoco. 34.Deixou-lhe a metade do exército do reino, com os elefantes e deu-lhe as instruções referentes à execução de seus planos, especialmente no que dizia respeito aos habitantes da Judeia e de Jerusalém. 35.Devia enviar um exército contra eles para destruir e aniquilar o poderio de Israel e o que restara de Jerusalém, e apagar desses lugares até a sua lembrança. 36.Depois, devia estabelecer em todos os seus confins estrangeiros, aos quais distribuiria as terras por meio de sorte. 37.O rei tomou a outra metade do exército, partiu de Antioquia, a capital de seu reino, no ano cento e quarenta e sete. Passou o Eufrates e atravessou as terras do planalto.* 38.Lísias escolheu Ptolomeu, filho de Dorímenes, Nicanor e Górgias, valorosos generais e familiares do rei. 39.Enviou com estes quarenta mil soldados de infantaria e sete mil cavaleiros, para invadirem e devastarem o país de Judá, conforme a ordem do rei. 40.Postos a caminho com todas essas tropas, chegaram à planície perto de Emaús e penetraram nela. 41.Quando os mercadores ouviram falar deles, tomaram grande quantidade de prata e ouro e se dirigiram com peias ao campo para comprar os filhos de Israel como escravos. Exércitos da Síria, bem como do estrangeiro, vieram juntar-se a eles.* 42.Judas e seus irmãos viram que a situação era grave e que as forças inimigas acampavam dentro de suas fronteiras. Sabendo também como o rei havia ordenado de tratar o povo para destruí-lo e exterminá-lo, 43.disseram uns aos outros: “Levantemos nossa pátria de seu abatimento e lutemos por nosso povo e por nosso lugar santo!”. 44.Convocaram então toda a gente, a fim de se prepararem para a luta, de rezarem, de implorarem piedade e misericórdia de Deus. 45.Porquanto, Jerusalém estava desabitada e deserta: não havia um só de seus filhos que nela entrasse ou dela saísse. Seu santuário estava profanado, soldados estrangeiros ocupavam a fortaleza, gentios faziam ali sua habitação. Toda a alegria havia desaparecido de Jacó, e a flauta e a harpa estavam abandonadas. 46.Os israelitas se concentraram, pois, e se dirigiram a Masfa, defronte de Jerusalém, porque tinham tido outrora em Masfa, um local de oração. 47.Jejuaram naquele dia, vestiram-se com sacos, cobriram a cabeça com cinza e rasgaram suas vestes. 48.Abriram o Livro da Lei, para ler nele o que os gentios perguntavam às representações de seus falsos deuses.* 49.Trouxeram os ornamentos sacerdotais, as primícias e os dízimos, e mandaram vir os nazarenos que tinham cumprido o tempo de seu voto.* 50.Em seguida, sua voz se elevou com força ao céu: “O que faremos desta gente e para onde a levaremos? 51.Vosso santuário está profanado e manchado, vossos sacerdotes estão em luto e na humilhação. 52.As nações se coligaram para nos aniquilar e vós sabeis o que elas tramam contra nós. 53.Como resistir diante deles, se vós não vierdes em nosso auxílio?”. 54.Então, eles soaram as trombetas e levantaram um grande clamor. 55.Depois disso, Judas nomeou chefes para grupos de mil, cem, cinquenta e dez homens. 56.E disse aos que acabavam de construir uma casa, de tomar mulher, plantar uma vinha, ou que tinham medo, que voltassem cada qual para sua casa, conforme a Lei. 57.Os israelitas se puseram então a caminho e vieram acampar ao sul de Emaús. 58.“Preparai-vos – disse-lhes Judas –, sede corajosos e estai prontos desde a manhã para o combate a essas nações que estão unidas para nos arruinar, a nós e tudo o que possuímos de sagrado. 59.Porquanto é preferível morrer no combate do que ver nosso povo perseguido e profanado nosso santuário. 60.Que se faça somente a vontade de Deus!”