Na nossa meditação de hoje nos deparamos com a descrição de uma visão de castigo e destruição sobre a cidade de Jerusalém. No início da visão, aparecem seis homens com instrumentos de destruição, liderados por um homem vestido de linho. Deus ordena ao homem vestido de linho que marque com uma cruz na testa aqueles que gemem e suspiram devido às abominações cometidas na cidade. Em seguida, Deus ordena que os outros homens matem todos na cidade, exceto aqueles que estão marcados com a cruz. O homem vestido de linho volta para prestar contas, e a glória de Deus se eleva acima dos querubins. A visão termina com a partida do profeta para o exílio e a promessa de que as visões se cumprirão em breve. Faça a leitura de preferencia em sua Bíblia dos capítulos 9, 10, 11 e 12 do livro de Ezequiel (Ez).
Ezequiel
Castigo de Jerusalém
9. 1.Depois ouvi gritar com voz forte: “Aproximai-vos, vós, os guardas da cidade, trazendo cada um de vós o instrumento de destruição”. 2.Surgiram então, do pórtico superior que olha para o norte, seis homens trazendo cada um na mão o instrumento de destruição. Encontrava-se no meio deles um personagem vestido de linho, trazendo à cintura um tinteiro de escriba. Entraram para se colocar de pé ao lado do altar de bronze.* 3.Então, a glória do Deus de Israel se elevou de cima do querubim, onde repousava, até a soleira do templo. Chamou o Senhor o homem vestido de linho, que trazia à cintura os instrumentos de escriba,* 4.e lhe disse: “Percorre a cidade, o centro de Jerusalém, e marca com uma cruz na fronte os que gemem e suspiram devido a tantas abominações que na cidade se cometem”.* 5.Depois, dirigindo-se aos outros em minha presença, disse-lhes: “Percorrei a cidade, logo em seguida, e feri! Não tenhais consideração, nem piedade. 6.Velhos, jovens, moços, moças, crianças e mulheres, matai todos até o total extermínio; precavei-vos, todavia, de tocar em quem estiver assinalado por uma cruz. Começai por meu santuário”. Começaram pelos anciãos que encontraram defronte ao templo. 7.“Manchai o templo” – disse-lhes – “e enchei de cadáveres os adros; em seguida, saí!” E foram-se eles para prosseguir o morticínio na cidade. 8.Permanecendo só durante esse massacre, prostrei-me de face contra a terra, e gritei: “Ah! Senhor Javé, ides exterminar o que resta de Israel, desencadeando vosso furor contra Jerusalém”.* 9.“A falta de Israel e de Judá é grande, muito grande” – respondeu-me –: “A terra transborda de sangue e a cidade extravasa de perversão, porque dizem entre eles: o Senhor abandonou a terra! O Senhor não enxerga mais nada! 10.Está bem! Eu, de minha parte, não terei complacência, eu me mostrarei impiedoso, farei recair sobre a sua cabeça o peso de seu proceder”. 11.Depois disso, reapareceu o personagem vestido de linho, que trazia à cintura os instrumentos de escriba. Vinha prestar contas. “Fiz o que me ordenastes.”
Movimento da glória
10. 1.Olhei. Na abóbada estendida acima da cabeça dos querubins, havia como que uma pedra de safira, uma espécie de trono, que aparecia sobre eles. 2.O Senhor disse então ao homem vestido de linho: “Passa no meio das rodas, debaixo do querubim; enche a mão de carvões ardentes que tomarás entre os querubins, e espalha essas brasas sobre a cidade”. E ele se foi sob as minhas vistas.* 3.Quando o homem acabou de fazer isso, estavam os querubins à direita do templo, e a nuvem enchia o átrio interior. 4.A glória do Senhor elevou-se acima dos querubins até a soleira do templo, e enquanto o esplendor da glória do Senhor enchia o átrio, a nuvem invadia o templo. 5.O ruflar das asas dos querubins fazia-se ouvir até no pátio exterior, e assemelhava-se à voz do Deus onipotente quando fala.* 6.Apenas havia ordenado ao homem de linho tomar o fogo no intervalo das rodas entre os querubins, este veio postar-se junto de uma roda, 7.e um dos querubins estendeu a mão para o fogo que se encontrava em meio dos querubins. Daí ele retirou brasas, que colocou na mão do homem vestido de linho, o qual as tomou, e saiu. 8.Notei que os querubins pareciam ter mãos humanas sob as asas. 9.Eu olhei ainda. Havia ao lado dos querubins quatro rodas, uma junto a cada um deles. Possuíam o clarão da gema de Társis. 10.Todas as quatro pareciam ter a mesma forma, e cada uma parecia estar no meio da outra. 11.Deslocando-se nas quatro direções, avançavam sem se voltarem, porque iam sempre na direção tomada pela que ia à frente, sem se voltar em seu movimento. 12.Todo o seu corpo, suas costas, suas mãos e suas asas, assim como as rodas, achavam-se guarnecidas de olhos em derredor: cada um dos quatro possuía uma roda. 13.Ouvi que se dava a essas rodas o nome de turbilhão. 14.Cada um dos querubins tinha quatro faces: o primeiro, a de um querubim; o segundo, um aspecto humano; o terceiro, o de um touro e o quarto, o de uma águia. 15.Os querubins se elevaram eram os seres vivos que eu tinha visto às margens do Cobar. 16.Quando os querubins se deslocavam, as rodas se deslocavam com eles; quando desdobravam as asas para elevar-se da terra, as rodas não se desprendiam deles. 17.Quando paravam, as rodas paravam; se se elevavam no espaço, elas de igual modo se elevavam, porque o espírito desses seres vivos estava também nelas. 18.De repente, a glória do Senhor deixou a soleira do templo e pousou sobre os querubins. 19.Estes desdobraram as asas, e eu os vi alçarem-se da terra com as rodas ao lado, para partirem. Eles pararam à entrada da porta oriental do templo, dominados pela glória do Senhor. 20.Estavam lá os seres vivos que eu tinha visto debaixo do Deus de Israel, às margens do Cobar, e reconheci os querubins:* 21.cada um tinha quatro figuras e quatro asas, e sob as asas algo parecido com mãos humanas. 22.Suas figuras assemelhavam-se àquelas que eu tinha visto às margens do Cobar. Cada um deles ia para a frente diante de si.*
Castigo dos chefes e promessas aos despistados
11. 1.O espírito arrebatou-me e transportou-me à porta oriental do Templo do Senhor, a que olha para o Levante. Havia à entrada dessa porta vinte e cinco homens, entre os quais distingui Jezonias, filho de Azur, e Feltias, filho de Banaías, chefes do povo. 2.“Filho do homem” – falou-me o Senhor –, “são estes os maquinadores de perversidades, os difusores de maus conselhos nesta cidade 3.que dizem: Não é agora o momento de reconstruir as nossas casas? Eis a panela e nós somos a carne.* 4.Por causa disso, filho do homem, profetiza contra eles!” 5.Então, o Espírito do Senhor apoderou-se de mim e disse-me: “Fala – oráculo do Senhor – eis como falais, casa de Israel; mas eu conheço os pensamentos que vos sobem ao espírito. 6.Tendes feito crime sobre crime nesta cidade, tendes juncado suas ruas de cadáveres. 7.Eis por que diz o Senhor Javé: os mortos, cujos cadáveres tendes ocultado na cidade, são a carne e a cidade é a panela. Mas a vós eu vos farei sair.* 8.Receais a espada; farei com que a espada venha sobre vós – oráculo do Senhor Javé. 9.Eu vos farei sair da cidade, eu vos atirarei às mãos dos estrangeiros, e com rigor procederei contra vós. 10.Tombareis sob a espada, procederei com rigor contra vós, até os confins de Israel, e sabereis que sou eu, o Senhor. 11.Esta cidade não será para vós a panela, e dentro dela não estareis como carne: até os confins de Israel vos hei de julgar. 12.E conhecereis que sou eu o Senhor, cujas leis não observais, nem praticais as minhas ordens, pois imitais os costumes dos povos que vos cercam”. 13.Ora, enquanto eu profetizava, Feltias, filho de Banaías, caiu morto. Então, prostrado com a face em terra, clamei: “Ah! Senhor Javé, ides aniquilar o que resta de Israel?”. 14.A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: 15.“Filho do homem, é dos teus irmãos, dos teus parentes, da casa de Israel toda que os habitantes de Jerusalém dizem: ‘Ei-los longe do Senhor! É a nós efetivamente que pertence esta terra’.* 16.Dize-lhes, então: eis o que diz o Senhor Javé: eu os tenho lançado para longe entre as nações, e os dispersei em diversos países, e lhes tenho sido, por pouco tempo, um santuário nos países para onde foram. 17.Por isso lhes digo: eis o que diz o Senhor Javé: eu vos reunirei dentre as nações e vos recolherei dos países onde vos achais dispersos, para vos fazer retornar à terra de Israel. 18.Quando houverem reentrado e extirpado os ídolos e objetos abomináveis, 19.eu lhes darei um só coração e os animarei com um espírito novo: extrairei do seu corpo o coração de pedra, para substituí-lo por um coração de carne, 20.a fim de que observem as minhas leis, guardem e pratiquem os meus mandamentos, sejam o meu povo e eu o seu Deus. 21.Quanto àqueles que têm o coração apegado aos ídolos e às suas práticas abomináveis, farei pesar sobre suas cabeças o peso de seu proceder – oráculo do Senhor Javé”. 22.Nesse momento, os querubins desdobraram as asas, e as rodas se puseram em movimento com eles, enquanto a glória do Deus de Israel sobre eles repousava. 23.A glória do Senhor, elevando-se então no interior da cidade, foi parar sobre a montanha que está do lado oriental da cidade.* 24.Em seguida, o espírito arrebatou-me e conduziu-me à Caldeia, em visão, pelo Espírito de Deus, junto dos exilados. Então, se esvaiu a visão que eu havia contemplado; 25.e eu contei aos exilados tudo quanto o Senhor me tinha feito ver.
Bagagem do emigrante
12. 1.A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: 2.“Filho do homem, habitas em meio de uma casta de recalcitrantes, de gente que tem olhos para ver e não vê nada, ouvidos para escutar e nada ouve; é uma raça de recalcitrantes. 3.Pois bem, filho do homem, prepara-te uma bagagem de emigrante, e parte, em pleno dia, sob os seus olhos. Parte sob os olhos deles, do lugar onde habitas para outro local. Talvez reconheçam que são eles um bando de recalcitrantes. 4.Prepararás a tua bagagem em pleno dia, sob os seus olhares, como um fardo de emigrante. E depois, à noite, sob os seus olhares, seguirás como um homem que parte para o exílio. 5.Ante as vistas deles, farás um buraco no muro, pelo qual farás passar o teu fardo. 6.À vista deles, o carregarás aos ombros e sairás, quando escurecer, a fronte velada, de modo que não vejas a pátria! Faço assim de ti um símbolo para a casa de Israel”. 7.Fiz como me ordenara. Em pleno dia deixei os meus afazeres e preparei uma espécie de bagagem de emigrante; em seguida, à noite, furei a muralha, com minha própria mão; após isso, quando se fez noite, pus minha bagagem nos ombros, e saí à vista deles. 8.Logo ao amanhecer, a palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: 9.“Filho do homem, a casa de Israel, esse bando de recalcitrantes, não te perguntou o que fazias lá? 10.Dize-lhes: eis o que diz o Senhor Javé: isto é um oráculo relativo ao príncipe que se acha em Jerusalém e a toda a casa de Israel, que ali se encontra.* 11.Dirás: sou para vós um símbolo; assim como tenho feito, assim lhes há de suceder: irão para o exílio, deportados. 12.O príncipe, que está no meio deles, porá a bagagem às costas e sairá ao anoitecer; fará um buraco no muro para poder sair dele: cobrirá a face para não ver a pátria. 13.Mas eu lançarei sobre ele o meu laço e ele será apanhado em minhas redes. Eu o conduzirei à Babilônia, à terra dos caldeus; ele, porém, não a verá. É lá que terá de morrer. 14.Todo o seu séquito, sua guarda, suas tropas, eu os semearei aos (quatro) ventos e tirarei a espada contra eles. 15.Quando eu os tiver disseminado por entre as nações, e dispersado por todos os países, saberão que sou eu o Senhor. 16.Mas hei de poupar um resto deles; alguns hão de escapar ao gládio, à fome e à peste, para que venham a contar aos povos, entre os quais se estabelecerem, as abominações (de Israel). E conhecerão eles que sou eu o Senhor”. 17.A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: 18.“Filho do homem, come o teu pão com tremor, bebe a tua água com (sinais de) inquietação e receio.* 19.E dirás às gentes desta terra: eis o que diz o Senhor Javé para os habitantes de Jerusalém, e da terra de Israel. É na aflição que hão de comer o seu pão e no terror que beberão a sua água, porque a terra será despojada de tudo quanto nela se encontra, devido às violências dos seus habitantes. 20.As cidades habitadas serão despovoadas e a terra há de ser devastada. Sabereis assim que sou eu o Senhor”.
Aproximação do castigo
21.A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: 22.“Filho do homem, que ditado é esse que corre em Israel: passam os dias, mas as visões ficam sem efeito?* 23.Pois bem, dize-lhes: eis o que diz o Senhor: farei cessar esse provérbio, não se repetirá mais isso em Israel. Dize-lhes, pois: aproximam-se os dias em que todas essas visões se hão de cumprir. 24.Nenhuma visão daqui por diante será vã e nenhum oráculo, ineficaz em Israel, 25.porque sou eu, o Senhor, que falo: o que eu digo sucederá sem mais delongas. É em vosso tempo, raça de rebeldes, que proferirei o oráculo e o executarei – oráculo do Senhor Javé”. 26.A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: 27.“Filho do homem, dizem os israelitas: a visão do profeta não diz respeito senão a um longínquo futuro. Pois bem, dize-lhes: eis o que diz o Senhor Javé: não há mais delongas para meus oráculos. O que eu digo vai acontecer, – oráculo do Senhor Javé”.