Era Necessário que Cristo Fosse Tentado no Deserto

Parece estranho afirmar que era perfeitamente apropriado ou conveniente que Cristo fosse tentado no deserto. Pode-se afirmar ainda mais: A tentação de Cristo no deserto foi necessária. A própria escritura atesta:

“Cristo foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ali ser tentado pelo demônio” (Mt 4,1).

Como diria São Gregório Magno, que não era indigno que o nosso Redentor, que veio ao mundo para ser morto, quisesse ser tentado pelo maligno. Era de fato, justo, que Ele vencesse as nossas tentações pela sua própria, do mesmo modo que Ele veio vencer a nossa morte pela sua própria morte. E tudo isto para nos alertar que nenhum homem, por mais santo que seja, está isento de sofrer as tentações. Daí, Jesus escolher ser tentado logo após o seu batismo. Santo Hilário de Poitiers nos ensina que o demônio prepara os seus ardis justamente no momento em que acabamos de ficar santos, porque ele não deseja outra vitória a não ser aquela sobre o mundo da graça. Daí a necessidade urgente da busca do sacramento da Confissão. Necessário nos é recuperar para si a graça que o Senhor nos concedeu mediante seu sacrifício na cruz.

A tentação que Cristo sofreu também foi necessária para nos dar o exemplo de como nós devemos vencer as tentações do demônio, impregnando o nosso coração com a confiança na sua misericórdia.

“Esteve no deserto por 40 dias e 40 noites e foi tentado pelo demônio” (Mc 1,13).

Foi pela própria vontade de Cristo que Ele foi exposto à tentação do demônio. E também foi por sua própria vontade que Ele foi exposto para ser morto pelos membros do demônio, já dizia Santo Tomás de Aquino. Se Cristo não tivesse querido, o demônio jamais teria ousado aproximar-se dEle.

É impressionante como os Padres da Igreja nos iluminam nesta reflexão: Santo Ambrósio, por exemplo ensina-nos que Cristo foi ao deserto, sozinho, com a expressa intenção de provocar o demônio. Observe que o demônio sempre está disposto a atacar aqueles que estão sozinhos. Até nisso o Senhor é pedagógico em nos ensinar. Mas o sentido era permitir mesmo que o demônio tentasse o Mestre. Porque se o maligno não tivesse lutado, Cristo não o teria vencido em meu lugar.

Sobretudo, Cristo se permitiu ser tentado, de forma tão ardilosa pelo demônio, haja vista que fora tentado por meio de sua própria Palavra, porque Nosso Senhor aspirava às coisas elevadas, e o maligno, por inveja, odeia quem busca as coisas santas e excelsas. São João Crisóstomo afirma que, não só Cristo foi levado ao deserto pelo Espírito Santo, mas todos os filhos de Deus, que possuem o Espírito Santo, também são levados para lá da mesma forma. Pois os filhos de Deus não se contentam a ficar de braços cruzados, mas o Espírito urge em nós para que realizemos grandes coisas, e obras maiores do que as dEle.

Por isso, a palavra do Eclesiástico:

“Meu filho, se entrares para o serviço de Deus, permanece firme na justiça e no temor e prepara tua alma para a provação” (Eclo 2,1).

É preciso entender, irmãos, que somos chamados a nos configurar a Cristo, em tudo, na sua vida, nas tentações, nas suas dores e sofrimentos, na sua Paixão, sua Morte e sua Ressurreição, sobretudo em sua vitória e glória. Toda a sã doutrina da salvação tem em vista este propósito. Configurarmo-nos a Ele, até chegarmos à sua estatura. Integrantes do seu Corpo Místico, onde um dia atingiremos sua plenitude, quando Cristo será tudo em todos. É quando percebemos quão sentido faz a palavra de São Paulo aos Colossenses:

“Completo na minha carne o que falta ao sofrimento de Cristo, por seu Corpo, que é a Igreja” (Cl 1,24).

Romero Frazão, fvc

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