Considerando todas as circunstâncias e dificuldades da vida, o Senhor faz um convite especial, único e urgente! “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e sobrecarregados, porque Eu vos aliviarei. Tomai o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração. E encontrarás descanso para as vossas almas! Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. (Mt 11, 28-30). Notemos quantas promessas, Nosso Senhor nos faz a partir de um único chamado: Vinde!!! Este é um daqueles maravilhosos momentos em que o Mestre fala sobre si mesmo: “Sou manso e humilde de coração”. O Senhor não apenas quis descer do céu e viver no meio de nós, mas Ele também quis ter um coração humano, capaz de amar infinitamente o Pai, para expiar de forma infinita os pecados da humanidade, ao mesmo tempo em que apresentara toda a disposição necessária para nos amar, apesar da nossa fraqueza e ingratidão.
Vinde!!! Aproximai-vos! Fazei a experiência de se achegar ao Coração Sagrado de Jesus, assim como fez o Apóstolo São João, que inclinara sua cabeça no peito do Senhor. A ponto de sentir os batimentos do seu divino coração. O papa Pio XII em uma riquíssima encíclica, publicada em 1956, Haurietis Aquas, no qual ele fala sobre o culto ao sacratíssimo coração de Jesus, vem nos ensinar sobre a necessidade de buscar esta maravilhosa devoção, como forma de nos aproximarmos cada vez mais dos tesouros infinitos do Mestre. Um coração que pulsa, não apenas por sua realidade fisiológica, mas apresenta uma motivação ímpar para palpitar: a sua infinita caridade, tendo em vista que se trata de um coração dilatado de amor pela humanidade. Lembremos que a humanidade de Cristo, com todas as suas realidades sensíveis, afetos, sentimentos, estrutura orgânica, está unida a natureza do Verbo por meio da união hipostática. Sendo assim, a Igreja valoriza, já de longa data o culto de adoração ao Sagrado Coração de Jesus por ser este a imagem expressiva da infinita caridade para com o gênero humano, e que nos incita a retribuir-lhe o amor por amor.
“Sem dúvida, afirma o santo padre, o papa Pio XII, o coração de Cristo, unido hipostaticamente à pessoa divina do Verbo, deve ter palpitado de amor e de qualquer outro afeto sensível” (Haurietis Aquas nº22). Necessário é nos aproximarmos do mestre, não apenas por algum dos motivos temporais e passageiros os quais somos motivados, mas especialmente para buscarmos a intimidade com o Senhor, e amá-lo de volta. “Este adorável coração de Jesus Cristo pulsa de amor ao mesmo tempo humano e divino desde que a virgem Maria pronunciou aquela palavra magnânima: ‘Fiat’” (HA, 30). Tal coração, a partir de então, pulsava, motivado pelo amor transbordante.
Vinde, sobretudo, para conhecer o Senhor, conhecer a Verdade, e amando-a, optar por ela!! Desejar caminhar na Verdade, pois o Coração de Jesus palpitava de amor, em perfeita harmonia com os afetos da sua vontade humana e com o seu amor divino, desde a casa de Nazaré, na sua infância e vida oculta, nas suas celestiais relações com sua dulcíssima Mãe, a Virgem Maria, e São José, seu pai adotivo, a quem obedecia e com quem colaborava no fatigante ofício de carpinteiro. Observemos sua vida, com que amor o Senhor ia ao encontro da multidão, quando proferia seus discursos, realizava aqueles milagres, ressuscitava os mortos, devolvia a saúde aos enfermos, ou no dizer de Santo Agostinho, o Pão da vida veio para sentir fome, a água viva veio para sentir sede, o Caminho, porque Ele é o Caminho, veio para se cansar da caminhada, a alegria plena veio para sentir dor, a vida verdadeira veio para morrer. Qual sua motivação? O amor, esta caridade infinita que jorra do seu coração Sagrado. Suportando o suor, o calor e o frio, a fome e a sede, nas suas vigílias noturnas passadas em oração a seu Pai amado, nos seus discursos e parábolas, em tudo se poderia perceber o seu coração palpitante.
Vinde e vede com que Amor o Senhor nos amou, de forma tão explícita, quando olhava para a multidão faminta, ao ponto de exclamar: “Tenho compaixão desta multidão” (Mc 8, 2), ou, ao avistar Jerusalém, a sua cidade predileta, destinada a uma ruína fatal por causa da sua obstinação no pecado nos surpreendemos como suas palavras: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados: quantas vezes eu quis recolher teus filhos, como a galinha recolhe debaixo das asas os seus pintinhos, e não o quiseste!” (Mt 23, 37). E com que Amor o Senhor se revelou ao instituir a Eucaristia, divina manifestação de sua presença no meio de nós. Como não amar de volta um Deus assim, que se faz Filho do Homem, e chega a tantos extremos gratuitamente?
E na iminência de seus padecimentos atrozes, deste o Getsêmani, até o Gólgota este coração palpitara ainda com mais veemência. Sim!! Literalmente o Senhor sentira as palpitações do seu coração, pelas circunstâncias do momento terrível, pela tensão extrema ali gerada, mas sobretudo palpitara expressamente muito mais pela força do seu amor, do que pela crueldade dos algozes. E não deixaria de pulsar tão forte até o momento em que entregaria nas mãos do Pai o seu Espírito (Lc 23, 46). Eram vários afetos em nosso Senhor unidos nestes momentos de suplício, porém, momentos decisivos para a história da humanidade. Momentos de redenção! Sem dúvida, o Senhor sentira o seu Coração arder com um amor que já lhe dilatara o peito. Era um incêndio de amor na cruz, no dizer de Santa Catarina de Sena! Um misto de consternação, de misericórdia, de desejo inflamado, de paz serena; Vinde e vede!! Percebemos através de suas palavras na cruz, bastante expressivas. Até o momento em que ele grita: tudo está consumado, e ao entregar o espírito, seu coração parou de bater. Olharão para aquele que foi traspassado!! A lança atravessara o seu Divino Coração! Sangue e água jorram… Eis o Mistério! No momento em que seu corpo ressuscita e seu estado de glória se une novamente à alma do divino Redentor, vitorioso sobre a morte, este mesmo coração sacratíssimo nunca mais deixará de bater, e na eternidade permanece palpitante com imperturbável pulsação.
Vinde, vede, aproximemo-nos e adoremos o seu Divino Coração como reparação a tanta ingratidão, a tamanho descaso, a tamanha indiferença da humanidade. E percebamos quão suave é o Senhor, o quanto seu jugo é suave e o seu fardo é verdadeiramente leve.