Quando São José e Nossa Senhora foram apresentar o Menino Jesus no templo, encontraram o profeta Simeão, que proclamou “Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições” (Lucas 2, 34). Nessa passagem, podemos testemunhar o que todos que conhecem a Verdade são confrontados a fazer: ou torna-se um com ela, ou afasta-se dela, vivendo assim, na mentira. Ou permitimos a dor do processo do desapego de nós mesmos, sendo elevados por Jesus, ou deixamo-nos que o egoísmo nos consuma pelas quedas, e perdemos a nossa alma para sempre.
Neste sentido, o prêmio do céu ou a condenação ao inferno, são frutos das nossas escolhas durante o combate que travamos até a hora da nossa morte, do qual São Paulo nos fala: “Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé” (II Timóteo 4,7). Permanecer na fé da qual a Santa Igreja Católica é a guardiã, é o único caminho que nos leva a santidade. Esse, é um percurso exigente e que traz consequências para aquele que se decidiu por Cristo e sua Cruz.
Os ensinamentos de Jesus e a Igreja por Ele fundada, são imutáveis, não se moldam com os tempos. Por isto, a recusa dos católicos em relativizar a verdade, a moral e princípios fundamentais como a vida desde a concepção e a família constituída por homem, mulher e filhos, são exemplos de temas que ensejam a perseguição desde a Igreja primitiva até hoje.
Em um tempo em que a ideologia de gênero é exaltada, e cada dia mais crianças e adolescentes são expostos aos danos dessa colonização ideológica, como classificou o Papa Francisco, as famílias são atacadas por buscarem viver o projeto de Deus. O ataque também é sentido por aqueles que optam pela castidade, já que para ser “moderno”, o sexo fora do matrimônio é tratado com aceitação social. Poderíamos citar outros exemplos, mas o fato é que os católicos nunca se moldarão aos “tempos atuais”.
Por não compactuar com o paganismo tratado como “tempos modernos”, os cristãos muitas vezes são perseguidos até mesmo por seus parentes. O próprio Senhor nos advertiu que “o irmão entregará seu irmão à morte. O pai, seu filho. Os filhos levantar-se-ão contra seus pais e os matarão.” (Mateus 10, 21).
Apesar de impactante, o Senhor continua sua exortação dizendo que veio trazer a espada, trazendo “a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe, entre a nora e a sogra” (Mateus 10, 35). Conclui Jesus, explicando o núcleo dessa forte mensagem dizendo que “quem ama seu pai ou sua mãe mais que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho mais que a mim, não é digno de mim.” (São Mateus 10, 37).
Explica o grande Dom Estêvão Bettencourt em “Páginas Difíceis do Evangelho” que “Os laços muito ternos existentes entre pais e filhos, entre sogra e nora, entre familiares e amigos íntimos, pessoas que chegam a compartilhar o mesmo teto e o mesmo pão. Tais veículos, por muito que pareçam impor-se a todo e qualquer ser humano, devem, em caso de conflito, ceder incondicionalmente ao amor de Cristo, mesmo que isso acarrete expulsão de casa, sonegação dos bens, etc. Está claro que o cristão não tem o direito de provocar, por causa do Senhor, divisões e rupturas em casa ou na sociedade. Frisemo-lo bem: a religião tende a unir, não a separar. Contudo, ao discípulo de Cristo não é lícito hesitar em aceitar todas as consequências e represálias que possam decorrer de uma tomada de posição bem coerente no setor da religião”.
Portanto, eis que São João da Cruz diz que devemos “dar tudo pelo tudo”, e isso muitas vezes vai nos colocar diametralmente em oposição ao que muitos daqueles que amamos nos aconselha. Não tenhamos medo, de sem prescindir da caridade, escolhermos por Cristo, acima de tudo e todos. Afinal, amar a Deus acima de todas as coisas, é o mais exigente dos mandamentos, mas é o único que nos garante a santidade.