A vocação da Igreja, por excelência, é continuar a propagação da realização do dom total de Jesus: oferecer a oportunidade de salvação a todo gênero humano. E este dom foi completamente concretizado no madeiro, de onde provém a misericórdia que sustenta os Filhos de Deus. Pelo sangue e água que jorraram do lado aberto de Cristo, de seu profundo Sagrado Coração, emana um manancial de Graça e Compaixão, refúgio em meio a qualquer aflição vivenciada na vida.
Foi por amor a hunamidade que Deus atribuiu a Jesus um coração, na profundidade do seu ser homem, mas com a dimensão divina de intervir nas dores da nossa existência. O Coração de Jesus concede a nós a certeza da disponível e acessível experiência do alcance de seu amor, o suporte para o nosso existir, sinal e símbolo da misericórdia redentora e eterna do Pai para conosco.
O Sagrado Coração de Jesus representa para nós não apenas um instrumento de disposição desta Redenção do Amor de Deus, pois Seu peito transpassado também nos abre uma brecha de esperança, um lugar de repouso, refrigério, morada espiritual para o aperfeiçoamento da experiência com Ele, por meio do Espírito Santo. O exercício de habitar a sacralidade deste coração nos oferece a chance de restauração e renovação de nossas vidas. E essa renovação e restauração é vivida através de percebermos que aquilo que é Sagrado no Coração de Cristo nos remete à fidelidade do Pai, ao mesmo tempo em que nos imbui da condição de buscarmos viver e revelar o essencial da fé e da força que provém Dele.
Voltarmo-nos para a profundidade do coração de Jesus é identificarmos o centro original e fundamental do fortalecimento que tanto ansiamos na caminhada da nossa vida: da fragilidade humana de um coração aparentemente vencido surge o penhor e sustentáculo do nosso existir. Viver essa proposta é revisar o que somos, retornando as origens da nossa própria natureza humana, concedendo as dores e as tribulações que enfrentamos, um novo olhar de compreensão e interpretação que concorre para aquilo que compõem o itinerário da nossa maturidade pessoal e cristã.
Deus não constituiu um Coração para ser unicamente venerado e adorado, sem desmerecer esta Santa Devoção, mas, pela amplitude de Seu Amor, fez dessa Santa Chaga território para habitação de seu povo. Assumir a posição de habitantes dos átrios do Senhor sustenta, conforta e guarde a nossa vida diante das aflições que se levantam contra nós e por consequência nos torna comunidade viva de fé, resguardada e integrada pela missão de viver conforme este Santo Coração. É uma via de mão dupla, pois a extensão deste convite de Viver em Cristo se resume e condensa pelo entendimento de se perceber morador do coração de Deus.
Esforçar-se para encontrar alívio e remanso na Graça deste Sagrado Coração nos leva ao estreitamento do nosso vínculo de caridade e comunhão, todavia afirmar em nós a certeza do ser profundamente amado, libertando-nos da vã necessidade de sermos aceitos e reafirmados constantemente por outros corações humano. O Amor de Deus nos completa. Que a oportunidade de celebrarmos o Sagrado Coração de Jesus configure em nós a certeira aspiração de anteciparmos na terra o gozo da Glória celeste triunfante que virá. Somos herdeiros do céu porque, antes de tudo, fomos admitidos como habitantes do Sagrado Coração de Deus.
Louvado seja Deus, sempre!