|“Antonio, Eu conto com você!”
Antonio Lucena nasceu em 27 de abril de 1927, em Campina Grande-PB, na Rua Epitácio Pessoa. Filho de José Ulisses de Lucena e Maria Pequeno de Lucena, cresceu em uma família numerosa: sua mãe teve 22 filhos, mas apenas quatro sobreviveram.
Ficou órfão de mãe aos quatro anos, em 1931, e guardou por toda a vida uma trança de seus cabelos como lembrança viva. Apesar da perda precoce, contou com o apoio de um pai trabalhador, a quem sempre chamava de “pai excelente, um pai perfeito”. Nesse período, foi amparado também por “Kikila”, empregada da casa, que cuidava das tarefas domésticas e acompanhou sua infância. Aos 10 anos, seu pai casou-se novamente, com a prima Adélia, que assumiu sua criação.
Uma das lembranças mais marcantes da mãe foi durante uma novena de maio no Convento dos Franciscanos, quando, surpreendidos pela chuva, chegaram à igreja e ela já não tinha voz, sinal inicial da doença que a levaria ao óbito. Seu nome seria Aderson, mas, após sofrer uma grave gastroenterite, sua mãe fez promessa a Santo Antônio. Curado, foi batizado como Antonio.
Fez o primário e o 1º ano ginasial no Colégio Tenente Alfredo, o 2º ao 5º ano ginasial no Colégio Diocesano Pio XI, e o científico no Colégio Pernambucano em Recife, quando foi morar com sua irmã mais velha, Stella.
A princípio pensava em cursar Medicina, mas poucos dias antes do vestibular optou pelo Direito. Foi aprovado em 7º lugar na Faculdade de Direito do Recife, uma das mais antigas do Brasil. Colou grau em 09 de março de 1954. Para Antonio, a Faculdade de Direito do Recife era “um monumento”, lembrando a presença de Carlos Lacerda nos anos 1950.
Em Recife, no final da década de 1940, conheceu Maria da Guia Araújo. Começaram a namorar em frente à Catedral de Nossa Senhora da Conceição, numa Semana Santa. Após quatro anos de namoro e noivado, casaram-se em 14 de fevereiro de 1953, às 7h da manhã, em um sábado de carnaval, na recém-criada Catedral de Nossa Senhora da Conceição, em Campina Grande. A cerimônia foi presidida pelo Monsenhor Bonifácio, irmão da noiva, com auxílio do Pe. Mariano.
Em julho de 1952 viajou para a Europa para um curso de verão na Academia de Direito Internacional, na Universidade de Haia (Holanda), por três meses. Mais tarde fez especialização em Direito Público, com valor de mestrado. No início da década de 1970, iniciou Doutorado em Direito na Universidade Federal de Pernambuco, mas, por compromissos profissionais, não defendeu a tese.
Juntos tiveram cinco filhos: Melânia, Valéria, Frederico, Gerana e Cláudia. Até agosto de 2010 eram 11 netos; até o falecimento, somavam 11 netos e 8 bisnetos.
Antonio sempre afirmou: “Maria da Guia é indispensável em minha vida. O amor de antes é o mesmo de agora.”
Na advocacia, atuou nas áreas civil, comercial e tributária. Exerceu cargos de destaque: Secretário Municipal de Administração de Campina Grande na gestão do prefeito Plínio Lemos (1951–1955); Secretário de Estado da Justiça da Paraíba, no governo de Pedro Gondim (1961–1966); colunista do Diário da Borborema e apresentador do programa Claro Escuro, na Televisão Borborema; professor em cursos de Serviço Social, Economia, Sociologia, Direito e Engenharia (na Escola Politécnica de Campina Grande, que depois integraria a Universidade Federal da Paraíba), lecionando disciplinas como Direito Usual para Engenheiros, Moedas e Bancos, Partidos Políticos e Direito Constitucional. Foi eleito Vice-Reitor da Universidade Regional do Nordeste (URNe) em abril de 1969, assumiu a Reitoria no mesmo ano, permanecendo até 1972. Sua gestão foi marcada por dificuldades financeiras, mas conquistou feitos como o reconhecimento dos cursos de Odontologia e Administração e a criação do Museu de Artes Assis Chateaubriand. Foi ainda sócio do Instituto Histórico de Campina Grande, sendo oficializado como sócio efetivo em maio de 2019.
Na vida esportiva e social, presidiu o Campinense Clube (1969–1970), sendo apelidado “Raposa Prateada”; foi presidente do Lions Clube Centro de Campina Grande e sócio fundador do Clube Campestre.
Em 1975, ao final do mandato de reitor, recebeu em casa o casal Maurício e Terezinha, líderes do Movimento do Cursilho de Cristandade, que o convidaram para participar de um encontro em Olinda-PE. Relutou inicialmente, mas aceitou.
Na quinta-feira, 18 de setembro de 1975, iniciou o Cursilho no Mosteiro de São Bento, em Olinda. Durante três dias, dizia estar “perdendo tempo”. No domingo, o assistente espiritual, Dom Gerardo Wanderley, OSB (1923–2010), o chamou para conversar: “Hoje o senhor vai sair daqui!”, disse o monge. “Felizmente”, respondeu Antonio. “Não diga isso. O senhor ainda vai receber uma ajuda muito forte.”
À tarde (21/09/1975), durante a entrega dos crucifixos, quando cada cursilhista ouvia “Cristo conta com você”, Dom Gerardo olhou fixamente e declarou: “Antonio, Eu conto com você!”. Nesse instante, Antonio foi tomado pelas lágrimas e chorou por mais de três horas. Mais tarde afirmaria: “Foi o próprio Cristo quem me falou.”
Ao retornar para Campina Grande, tomou uma decisão radical: fechou o escritório de advocacia e se trancou em casa por três dias, dedicando-se à leitura da Bíblia e do livro O Espírito Santo, Nossa Esperança (Cardeal L. J. Suenes, Editora Paulinas, ano: 1975). Ali conheceu mais profundamente a ação do Espírito Santo e os seus dons. Ele descrevia esse tempo como uma verdadeira confirmação de sua conversão e o início de uma “tristeza apostólica”: não era mais o mesmo homem de antes.
Foi nesse período também que ouviu de um amigo, Moura, companheiro do Cursilho, sobre a Renovação Carismática Católica – RCC em Recife, onde sua esposa havia sido curada. Esse foi o primeiro contato de Antonio com a notícia da RCC, ainda antes de conhecê-la pessoalmente em Campina Grande.
Pouco tempo depois, soube que a irmã Almeida, de Olinda, estava em Campina Grande, junto com o Pe. Camilo Ockel, scj (Vigário Paroquial de 1975 a 1983), na Paróquia São José, no bairro José Pinheiro. Maria da Guia foi a primeira a participar, gostou e levou Antonio, que logo se envolveu. O movimento cresceu e realizou o 1º Seminário de Vida no Espírito Santo, reunindo tanta gente que uma das palestras precisou ocorrer no Ginásio das Damas.
Sempre ajudando o Pe. Camilo, Antonio foi chamado pela irmã Ângela Beleza – Filha da Caridade para conduzir um grupo de oração no Instituto São Vicente de Paulo, às margens do Açude Velho. O grupo durou pouco, mas em seguida ele procurou o bispo diocesano, Dom Manoel Pereira da Costa, para discernir os rumos do movimento. Foi então que recebeu dele a ordem clara: “Vá e comece um trabalho com este novo movimento carismático de portas abertas para os católicos afastados.”
Antonio Lucena acolheu essas palavras como um mandato apostólico, vindo de um sucessor dos Apóstolos de Jesus. Assim, seguiu para a Capela de São Pio X, onde sua esposa já colaborava com as pastorais. Ali, em 24 de março de 1979, sete pessoas se reuniram pela primeira vez. O grupo cresceu rapidamente, multiplicando encontros semanais para jovens, mulheres, adultos e crianças.
Com a expansão, alugaram uma casa na Rua Sólon de Lucena, nº 106, no Centro, onde já se lia na fachada: Comunidade de São Pio X – Centro Católico de Formação – Viver em Cristo. Em 7 de outubro de 1991, a Comunidade foi oficialmente fundada, junto aos pioneiros: Manoel Bezerra de Lima, Djalma Bezerra de Lima, Maria da Guia Araújo de Lucena, Maria de Jesus Vieira Assis, Nelci Azevedo Agra, Carlinda Cavalcante Costa, Ignez Barreto Leite, Edwiges Cavalcante de Albuquerque, Hércules de Assis Souza e Rejane Dias de Albuquerque.
A Comunidade de São Pio X foi reconhecida canonicamente em 06 de outubro de 2010, por decreto assinado por Dom Jaime Vieira Rocha, então bispo diocesano de Campina Grande, sendo erigida como associação privada de fiéis de direito diocesano e recebendo o título de Fraternidade Viver em Cristo (fvc). Posteriormente, em 07 de outubro de 2016, após seis anos de aprovação ad experimentum, os estatutos da Comunidade foram aprovados em caráter definitivo por decreto de Dom Frei Manoel Delson Pedreira da Cruz, OFMCap, bispo diocesano de Campina Grande à época.
Com a expansão, alugaram uma casa na Rua Sólon de Lucena, nº 106, no Centro, onde já se lia na fachada: Comunidade de São Pio X – Centro Católico de Formação – Viver em Cristo. Em 7 de outubro de 1991, a Comunidade foi oficialmente fundada, junto aos pioneiros: Manoel Bezerra de Lima, Djalma Bezerra de Lima, Maria da Guia Araújo de Lucena, Maria de Jesus Vieira Assis, Nelci Azevedo Agra, Carlinda Cavalcante Costa, Ignez Barreto Leite, Edwiges Cavalcante de Albuquerque, Hércules de Assis Souza e Rejane Dias de Albuquerque.
A Comunidade de São Pio X foi reconhecida canonicamente em 06 de outubro de 2010, por decreto assinado por Dom Jaime Vieira Rocha, então bispo diocesano de Campina Grande, sendo erigida como associação privada de fiéis de direito diocesano e recebendo o título de Fraternidade Viver em Cristo (fvc). Posteriormente, em 07 de outubro de 2016, após seis anos de aprovação ad experimentum, os estatutos da Comunidade foram aprovados em caráter definitivo por decreto de Dom Frei Manoel Delson Pedreira da Cruz, OFMCap, bispo diocesano de Campina Grande à época.
Em 18 de fevereiro de 1996, Antonio idealizou e realizou pela primeira vez o CRESCER – Encontro da Família Católica, como alternativa autenticamente católica durante o carnaval de Campina Grande.
Ao longo de sua vida missionária, Antonio afirmava: “Por mais que se trabalhe, se pregue, se dedique, se faça, nunca alcançaremos aquilo que queremos da Comunidade, pois ela vai ser sempre aquilo que Deus quer que ela um dia seja.”
Durante o 12º CRESCER (2008), Antonio passou mal durante uma pregação, sinalizando as limitações que o levariam a se afastar gradualmente da evangelização. Nos últimos anos de vida, recolheu-se em casa, convivendo com familiares e irmãos da comunidade, sempre testemunhando resignação e aceitação.
Faleceu em 20 de dezembro de 2019, às 3 horas da manhã, em sua residência, junto à família.
É uma grande alegria em tê-lo(a) conosco nesta obra de evangelização.
Seja muito bem vindo(a) à Comunidade de São Pio X.
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